Quando ela era criança,
não havia luz.
Todas as tardes eram escuras.
Ela nunca pode entender
porque
estava tão longe da claridade.
Ninguém via.
Ninguém sabia.
Ela estava sozinha
naquele tempo de desentendimento.
Tudo que queria era correr pelo quintal.
Correr até chegar do outro lado do espelho
e olhar para aquele rosto
que desfigurava
as suas tardes,
a sua mansidão.
Às vezes, ela ainda se sente tão invisível
e lembra daquele ano perdido,
daquelas mãos que a faziam
agonizar calada.
Ela ainda guarda o medo
e
engole a seco quando
sente sono.
Algo ainda insiste
em estar ali,
em estar
ali.
Nessas horas
tão escuras,
ela abre os braços
e enfrenta toda a altura
de sua dor e se joga
de olhos fechados
pela janela.
Com o tempo,
ela aprendeu que cada vez
que caia e se levantava,
estava mais forte
e
mais
b
e
l
a
Karla Bardanza
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