Seja bem-vindo. Hoje é

VERA, IARA, DINALVA, LÚCIA, MARIA LÚCIA E TODAS NÓS TAMBÉM



Quando ela morreu,

Eu morri também.



Aos pés dela, bebi

A paixão, reverenciei

O passado, me curvei

Ao fogo que via em

Suas mãos.

(Ela era o meu obscuro amor)



Atrás daqueles olhos,

A História tinha um outro nome.

Aprendi com ela a soletrar

Ordem e progresso sangrando.

Aprendi também a manter as

Garras e a alma afiadas:

A lâmina do ódio cortava

Sempre os meus pulsos.



Eram os anos do trovão.

Eram os anos de sangue

E eu era apenas uma

Garota com um grito

Na garganta, nem puta,

Nem santa.

Apenas floresci na lama,

Com os olhos cheios de

Medo e chamas.



Ela nunca se rendeu.

Foi torturada como um homem.

(Eles disseram)

Mas sobreviveu ao tempo,

Abraçou o infinito, exilou-se

Em sua luz.



Seu sorriso não era mais um sorriso.

Mas seus olhos ainda eram o céu.

Ela conheceu a pura pureza do

Desespero, ela foi além do bem e

Do mal.

Seus propósitos eram eternos como

Esta bandeira que embalo em minha

Calma dor.



Atrás daqueles olhos,

A História conheceu a noite perpétua

E sucumbiu às cinzas eternas.

Atrás daqueles olhos,

A mulher brasileira do ontem-já-agora.



Karla Bardanza





Este poema é dedicado à Vera Sílvia Magalhães, Iara Iavelberg, Dinalva Oliveira Teixeira, Lúcia Maria de Souza, Mária Lúcia Petit e a todas as brasileiras que lutaram contra a ditadura e morreram por um Brasil livre.






























































































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