Antes de dormir,
As ilusões descem dos olhos
E escrevem tão pouco:
Vogais e consoantes do puro
Desespero gritam o escuro
De si mesmo.
Os cantos das mãos sujos,
As brincadeiras rastejantes,
O quase nada fabricado
Com alguma sofreguidão.
Antes de dormir,
Promessas que não amanhecem,
A culpa imortal do olhar insano,
A felicidade clandestina que
Não resiste à realidade.
Dentro da alma,
O estrago, o estilhaço,
Os pedaços quebrados do
Ontem, o saber exaustivo
Da mentira.
Antes de dormir,
A consciência de que
Isso e aquilo têm os dias contados.
O olhar esmagado pelo
O limite do desejo e o desespero
Do grande nada.
A pequena morte
E grande fatalidade do
Ser.
Antes de dormir,
Apenas o teto frio,
Apenas você.
Karla Bardanza
Um comentário:
Karla,
que te dizer destes momentos em que a noite cai e que bem sabes transmitir.
bj
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