Quando perco os meus olhos
E pouco vejo além de ti, o vento
Sopra tão mansinho, a vida parece
Tão mais breve, tão mais calada.
Procuro sonhos para te encontrar
Em palavras não ditas, em poemas
Escritos nas costas da noite e fecho
As mãos para segurar o meu coração.
Tudo dissolve, as estrelas mergulham
No mar, a delicadeza desmaia, pouco
Sobrevive: nem as metáforas, nem os
Santos. Há tantos silêncios no amor.
E quando nada mais me resta, nem
Mesmo a dor, nem mesmo a dúvida,
Apago meus passos, refaço o caminho,
Ando de trás para frente, sem pressa.
Erro consoantes, desfaço vogais, risco
Bordados, faço mapas astrais, reinvento
Uma outra verdade, busco o que perdi
De mim e que se foi com a felicidade.
E ainda assim, não encontro nada de
Mim, nada daquilo que solidifiquei
Com o ar. Abro a janela e ouço
O mar respirar e ouço as flores.
Dentro da paisagem atroz, nada
Vejo....Choro o prazer pela metade
E os inalcançáveis castelos tão longe
De mim e tão perto da eternidade.
Karla Bardanza
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