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SOMBRIA CHAMA



Essas vagas visões caminham atrás de mim,

Dos meus vazios, dos meus descaminhos.

Carrego-as nas mãos sujas de medo e dor.

Quando caio com tamanho peso, descanso

Dentro de mim, no chão sombrio do agora.


O céu morre, o milagre pleno não acorda

Nem amanhece. Escureço, apenas escureço.

Todas as visões tecem o que nunca irá ser,

O que ficou no uivo durante a madrugada.

Colho o que não semeie, chama apagada.


A embriagante verdade é o sol molhado, é

A espera torpe e vã, é o amanhã suspenso

Entre o nada e o que restou para o nunca.

Arranco os olhos: não preciso mais ver, não

Há mais o azul inacessível tatuado no vento.

O claro fogo perdeu-se no ontem, no tempo.


Karla Bardanza








































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