Hoje enquanto eu dançava em frente ao espelho
Mira La gitana mora, o mundo dissolveu meu
Corpo em poemas, em uma claridade mística.
Bailei, me namorando no espelho. Bailei, com minha rosa
Vermelha presa nos cabelos curtos, tonta com as palmas,
Transbordando de sonhos, hipnotizada pela minha saia
De flores, pela melodia que ainda me rasga e alucina.
Minhas mãos e meus braços doaram minha energia,
Desenhando símbolos, traduzindo os meus sentimentos
Nessa delicadeza que sobe pelas minhas pernas quando
Danço, quando o espelho me anistia e alforria, fazendo
De mim o que ainda sou, o que ainda guardo e escondo.
Descalça, todos os passos me levaram de volta para
Dentro de mim mesma, delicioso encontro, beleza.
Mira La gitana mora, mira, mira como baila...
E eu não estava ali e eu estava muito além daqui,
Segurando minha saia com as mãos do destino.
Lembro pouco de quando voltei do céu, apenas
Dos olhos de minha filha, das palmas, do espelho,
De algumas pessoas, da embriaguez do desejo,
Do azul que te guarda tão bem e me arrebenta
Os poros, os olhos – delírio, abissal delírio.
Que a música continue: mira la gitana, mira.
Karla Bardanza
Um comentário:
Karla,
a tua escrita é fascinante.
esta dança do tempo, dos sonhos, nos fazem ir para outro espaço.
bj
Eduarda
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