Foi com a poesia
A primeira lição
De amor.
As pedras acordaram
E era outubro.
Quase não percebi
Que a primavera
Era mais que uma promessa.
Quando a fonte jorrou,
Uma estranha intensidade parecia
Me pertencer como flor absoluta,
Fruto e sombra.
Um dia, quando nada mais
Eu tinha para perder, sentei
Para contemplar uma gaivota.
Havia rastros do amanhã no céu.
Naquele momento, não entendi os anjos
Falando. Nunca consegui ouvir as palavras
Fora de mim. Queria recuperar apenas as fadas.
O sol estava pelo avesso e eu via apenas o que
Sentia vontade de ver.
-Uma só palavra eu guardava no peito-
O amor pode ser infinito.
Dissolvi meu eu, partículas cristalizadas
De medo e ignoradas profundezas:
Acreditei.
-acreditei mais uma vez-
E eu me senti divina e ácida e breve e leve.
Tão pronta para voar.
Medi o tamanho do salto sem muito cuidado
E me joguei com fé.
(...)
Não sei quantos pedaços perdi.
Não sei.
O amor é infinito:
Te amo. Não te amei.
Karla Bardanza
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