Você devia ter entrado na minha vida
Quando minhas mãos eram feitas de fogo
E incendiavam todas as palavras caladas
Que não eram nem perpétuas nem delicadas.
Naquele tempo, eu não era esse eu sem voz,
Eu nunca esquecia do pronome nós na gaveta
Nem tinha essa memória tão curta, tão branca,
Que já não lembra se fui puta ou mesmo santa.
Você devia ter aparecido há muito tempo atrás.
Naquela época em que eu pulava no infinito,
Sem me preocupar com olhares ou respeito:
Eu entrava de cabeça, corpo, desejo e peito.
Agora, sou um misto de ousadia com cautela.
Ando em cima do muro, tenho medo de escuro,
Escuto o outro mais e me assusto com intensidade
Quando tenho ataques estranhos de ansiedade.
Olha, eu tenho vontade de te dizer tanta coisa,
Especialmente aquelas que são feitas de eternidade,
Aquelas que apesar de tudo nunca deixei morrer
E que só falo quando morro de emoção e de prazer.
E se apesar de tudo, quiseres me segurar no colo
E fazer desse encontro, o nosso perfeito acalanto,
Abrace a minha alma, desenhe o amanhã sagrado
E eis que sempre me terás, homem-meu-amado.
Karla Bardanza
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