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QUANDO TUDO DÁ ERRADO, BATO A ANGÚSTIA NO LIQUIDIFICADOR



Quando tudo dá errado,

Leio Baudelaire, chupo

Mallarmé, penso em

Te comer.



Mudo os móveis de lugar,

Desligo o celular, escuto

Os Gipsy Kings, danço

Como se não houvesse

Respostas, erro todas as

Apostas.



Assalto uma livraria, escrevo

Alguma prosa, penso em

Fetiches e fantasias,

Tiro tua roupa, te lambo

Noite e dia.



Corto os cabelos, compro

Mais uma bolsa, não lavo

A louça, quero você todo,

Inteiro, dentro do chuveiro.



Quando tudo está uma

Droga, não perco as palavras,

Não emudeço, não mato o

Amor. Bato a angústia no

Liquidificador e bebo

Com tesão, esparramada

No chão.



E não me odeio ou odeio

A vida. Também não rezo,

Nem te desprezo. Vou para

Cama, sussurro teu nome,

Me assanho, me arranho,

E faço amor contigo sem

Fazer, sussurrando de olhos

Fechados:

Eu amo você, eu amo você,

Eu amo você, eu amo você.



Karla Bardanza

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