A esperança ultrapassou o sinal fechado
e causou o acidente.
Só há uma morta:
eu mesma.
Não vi quando o sinal fechou.
Nem deu tempo de freiar.
Me espatifei e os meus pedaços
continuam ainda lá como desenhos
do passado.
A perda foi total.
Já nada espero.
(é tão estranho não acreditar mais)
Não busco respostas,
nem os teus olhos antigos.
Caminho pelas ruas
sem fé, sem certezas.
(hoje foi apenas mais um dia, apenas mais um dia)
E eu que nunca pedi nada
e chorei escondida,
confesso o cansaço,
acolho a ferida com calma.
Talvez eu tenha me perdido de mim
em ti.
O amor tem dessas coisas
quando fica parado no ar
igual a
uma nuvem que insiste
em não ser chuva.
O corpo está tão vazio,
a pele resseca e os cabelos quebram.:
sou terra árida.
Aqui nada mais pode ser cultivado.
Sementes morrem neste solo sagrado.
Busco o ar e as minhas asas.
Há um último vôo ainda.
(se eu cair, não se incomode)
Quando a noite aperta a minha garganta,
sufocando a minha alma
com as suas mãos tristes,
não choro mais.
Engulo cada lágrima sem arrependimento
ou emoção.
Respiro, ainda respiro
enquanto salto para o alto
em queda livre.
Todos os dias são exercícios intensos
de luta e sobrevivência.
Não mato mais nenhum leão.
Deixo que eles me rasguem e retalhem.
Quase nem sangro.
A dor maior é sempre a que esta
guardada.
A dor maior sempre me deixa calada.
Nada tenho a perder
quando tudo já perdi.
(o meu amanhã chegou ontem)
Karla Bardanza
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