DEDICAÇÃO

Minha Senhora,

que assim seja.

Os oceanos contemplam

as tuas palavras,

as nuvens curvam-se perante

de ti,

a última rosa do verão

deita-se aos teus pés:

o céu e a terra estão aqui.

Minha Senhora,

os mistérios das águas

são mistérios sem fim

no livro dos dias.

Toda a poesia 

está tatuada nesta lua crescente

na minha testa.

Ontem

corri pela floresta,

pés descalços,

cabelos ao vento

ouvindo o lamento do meu lobo,

ouvindo as pétalas celebrarem

a suavidade das margaridas.

Minha Senhora,

percebo a fragilidade deste mundo

esquecido da vida

e

do sagrado.

Percebo o universo numa gota

de orvalho, neste instante

exilado dentro de mim.

O que está além deste jardim,

apenas tu e eu sabemos.

Acolha-me:

dentro do círculo estou.

Acolha-me:

pois sou tua,

pois sou e sou.

Minha Senhora,

a hora perfuma-se,

a delicadeza desabrocha,

o divino habita a minha alma.

Acendo uma vela

para iluminar o caminho

da estrela.

Minha Senhora,

regozijo-me,

posso sempre vê-la.

Que assim seja

por toda a eternidade.

O que procuro, não acho fora de mim

e nem o acharei sem mim também.

O que procuro Minha Senhora

é apenas o bem,

é apenas o bem.

Minha Senhora,

agora volto de onde vim.

Minha Senhora,

não há fim.

Há apenas começo.

Minha Senhora,

eu me ofereci,

e

agora os fios do destino

teço com reverência

e dedicação.

Minha Senhora,

eis aqui a tua imensidão.

Que assim seja,

que assim se faça.

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Karla Bardanza

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