Quando as aves voam
Esquecidas, mentindo,
Perseguindo o roteiro
Quase vazio, tatuado
No vento, o mar respira
Cansado, a chuva sonha
Com o abismo suspenso
Entre o céu e o sol. Sim,
Lamento. O tempo é tão
Vulnerável, a cegueira
É um belo ensaio, é sal.
O alimento dos loucos
É sempre mais, é sempre
O que não se pode ver.
E tudo se vê, mesmo o
Que se pensa escondido.
Diversão maior é sempre
Acender palavras e deixar
Meus olhos vagos e quase
Desabitados deitar entre
As sombras e a magia.
Os vãos são sempre povoados
Por pensamentos.
Mas, eu, eu sinto tanto,
Sinto muito.
Não acalento prantos, não
Guardo o que se pode jogar
Fora: os planos dependem
Da hora, os vôos sempre são
Plenos e belos. Sempre caio
Para o alto, sempre me equilibro
Mesmo quando perco o salto.
As nuvens e as estrelas me calam.
Karla Bardanza
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