Depois que o mar, trouxe todas as conchas,
a areia ficou tão cheia de detalhes exaustos
e pequenos. As pegadas sem destino foram
diluídas assim como a vida e as nuvens após
o vento rápido e intenso.
Fiquei sentada, ali, sondando o horizonte,
vendo as ondas irem, observando mistérios
inobserváveis, calada, olhando para dentro
de minhas águas ainda turvas e quase perfeitas
em seus enigmas.
Nada lamento. Não há espaço para estranhos
arrependimentos. Quando olho adiante, sei
da grande diferença que a diplomacia tenta
esconder. Máscaras e acordos de cavalheiros,
tapinhas nas costas, palavras bonitas que não
resistem à primeira exposição ao calor.
Suspiro.
O amor deve ser tão maior do que esse mar que me
afaga e afoga em sabores e saberes existenciais.
Deve engolir todas as dúvidas e colocar-se como
verdade e escudo, deve ser tão maior do que os
medos e as incertezas que abarca. Divago e não
mais penso. Apenas convenço a mim mesma.
Fico um pouco mais, sondando o céu escurecido
pelas nuvens grávidas e quando levanto sei que
faria tudo novamente e dessa vez, não olharei
mais para trás. Mergulho nas ondas frias. Dentro
de mim, borbulham outras poesias.
Karla Bardanza
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