Enquanto ando distraída
E caminho por cima de
Minhas poucas verdades
Sem consumação e uivos,
Fecho os olhos como a
Derradeira consolação,
Despindo-me de meus
Olhos oblíquos, demitindo-me
Da vida.
Dobro a minha alma,
Transgrido as leis tão
Naturais, caio em meus
Abismos infernais onde
Descansam pentagramas
Invertidos, deuses vencidos
E tudo que aprendi a ignorar.
A profundidade da minha
Verdade é indecifrável, é
Insegura. Minha lua é toda
Escura e sem gravidade.
Toda a saudade não cabe
Em mim, algo foge e eu
Perco a unidade, Minha
Extrema estupidez não
Conhece muitas línguas.
Então, falo de mim, falo
Do amor, falo do medo
Que me ama e me apavora
E espero a hora de ser a
Minha perfeita imitação
E te dar de verdade os
Meus olhos e a minhas
Mãos.
Quero o acalanto de
Dormir em minha própria
Paz, quero gatos nos
Telhados, grilos multiplicando
O amanhecer, quero tudo
Que me leva para dentro
De você.
Que venha a Grande Deusa
Me salvar de minha pobreza
E falta de poesia, de minha
Tosca boêmia, de meus poemas
Que não sabem falar pouco
Porque eu não tenho um
Um coração rouco.
Quem venha o Grande Deus
Me livrar de mim mesma
E de toda a divisão que
Tu carregas nas costas
Como cruz e vento que
Apenas por um breve
Momento quero ouvir
E acreditar que me
Amas com a exatidão
Da flor, com a imensidão
De Júpiter, com a tua
Bússola apontando para
Todos os meus pontos
Cardeais.
Karla Bardanza
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