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O AMOR É O VERBO QUE PEGOU FOGO

 O amor é uma palavra em movimento,
arranhando a lua, mordendo o vento,
me empurrando para perto de mim
mesma quando estou fora do céu
e longe do tempo.

O amor é um verbo ousado e cheio
de manhã que assanha e inventa
a minha pele, os meus pelos, os meus sóis
na esquina da cama enquanto
te chamo para dentro,
sussurrando nós. 

Enxuga essa gota que cai ainda
dos meus olhos de espelho, fale
essas coisas perdidas dentro de ti
que me faz tanto bem ouvir.
Sigamos as musas
enquanto a hora abusa do desejo,
enquanto esse beijo te busca.

O amor é esse impulso para
a vida, para o instante delicado
quando te quero mais safado,
mais corpo, mais profundo.
O amor é o mundo.

Confesso sem medo
que o prazer é poesia,
que é esse nosso agora destemido
rasgando a sala, o quarto,
os lençõis agora que estamos
tão sós, tão lindamente sós.

O amor é isso que me dói tanto,
tanto sentir outra vez e que se
enrosca em mim como letras,
como palavras e prece.
O amor é a armadilha que você
me tece como uma aranha
impassível e feliz, dizendo
com as mãos o que a boca
não diz.

Sigamos as musas.
O amor é a blusa no chão,
a mão sem limites, a metamorfose
indecente da alma,
o desespero puro do querer e dar.
 O amor é o verbo que pegou fogo.
O amor é a fúria calma
que vive em mim de novo.



Karla Bardanza














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