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SE TODA SAUDADE COUBESSE NO AMOR

 Beije-me com essa tranquilidade
dos anjos que já se foram, com essa calma
necessária que desconheço
há tanto,
que desconheço
por não saber como entendê-la
ou mesmo como achá-la
dentro ou fora
do real.



Algumas coisas são tão difíceis 
para mim:
sinto-as quase perdendo a voz.
Calam-me.
Cegam-me.
Estão onde não deveriam estar
porque já não existem
agora.



E
se puderes,
e
se quiseres,
leve-me em tuas asas,
aconchegue-me nas palavras
do
passado,
na delicadeza do que foi
porque foi
e ainda é quando
sei que sempre será
por ser, por sempre
ter sido.


Se toda a saudade
coubesse no amor,
no corpo que conta as horas,
na alma que dorme e sonha tão pouco,
ainda assim não caberia
tudo que ficou para trás,
tudo que é,
apenas
por não ser,
nem poder ser
mais.






Karla Bardanza


Pintura de David Johnson

Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados

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