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VÃ FILOSOFIA E DELÍRIO


Não sou nobre, sou vira-lata e durmo com eles com fidalguia. Deito no frio sem medo, sem sonhos, sem dono. O abandono dói menos do que os sonhos que são apenas para aqueles que não se cansam de sonhar. Quando nada se espera, não há nada para esperar.Olho para as estrelas sem procurar o norte ou sul: meu lugar é onde o meu corpo pode estar.

Não pertenço a este mundo, não conheço este mundo. Afundo nas minhas contradições e vivo o que tenho que viver com os olhos voltados para o que não sei. Quando me enxotam, saio sem lamentar. Quando me chutam, sei o meu lugar.

O que me incomoda não é o que sinto.É o que não sinto porque já não sei mais sentir. O que me assombra não é a morte, mas a vida com as suas sutilezas e mensagens subliminares quando tudo vai pelo ralo abaixo ou pelos ares, quando não tenho pelos suficientes para me defender das temperaturas abaixo de zero dos acontecimentos quentes.

Não tenho verniz, berço, nem nada que me valha. Sou fruto de mim mesma, das manhãs cansadas, dos ônibus cheios, do esforço inglório e diário que me crucifica nos horários, no calendário louco que anda devagar na pressa e rápido na fragilidade tão minha.

Nada sou, nada guardo, nada sei, nada quero pensar, nem ver: basta-me sentir, basta-me esse momento de vã filosofia e delírio enquanto nada tenho nas mãos pois, eu sei que mesmo de mãos vazias, eu ainda tenho o mundo e a poesia.


Karla Bardanza













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