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DAQUILO QUE SE PENSA QUE TEM

Quadro de Alma Tadema


O meu corpo não tem filosofias,
nem fronteiras,
a pele insaciável arrepia, provoca
o céu da boca:
toda a escuridão é pouca
para os sentidos e as pétalas da flor.

E o amor não é amor.
E o amor é um nome inventado
para se ter motivos, para ir além
e colher todas as maçãs que cabem
apenas na minhas mãos.

Pedaços de prazer,
lazer ou troca de favores,
as cores são apenas minhas:
eu me amo.

E de olhos bem abertos,
quase te chamo, quase
te comungo:
você reza com tanta devoção.
Coisas assim me fazem rir.

Quando viro para o lado
com os olhos de fugir,
meu corpo não está mais ali,
meu corpo já flutua em outra dimensão
e nada quer mais de ti
e nem do céu.

Minha imensidão não cabe na tua cama.
De mim, cuido eu.
A vida é sempre aquilo que já te pertenceu:
sublime poesia e acontecimentos.
Quando tudo acaba,
e tudo acaba sempre,
nada tens: 
nem a mim,
nem o tempo.



Karla Bardanza











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