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(DES)EQUILÍBRIO


Os olhos voam.
O limiar balança entre o cume
E o abismo.
Nas profundezas de mim, sou
Apenas uma bailarina dançando
Nos fios tênues da delicadeza.
Doce sutileza de quem prefere
A música rude da alma.

Nas pontas dos pés, o peso do
Tempo devorador, a dor do
Equilíbrio covarde que a vida
Impõe.

Flutuo.

Leve momento suspenso pelas curvas
Da noite, pelas dobras do dia, apenas
Uma filosofia cega e muda, apenas
A corda bamba dos acontecimentos.
Dentro de mim, o vento sorri. Já não
Sou mais eu, já não estou mais aqui.

Caminho devagar.
Uma emoção de cada vez.
Terna embriaguez de minha alma.
Com pressa, estou calma. Com
Calma,percorro todas as linhas
Da palma de minhas mãos.
Ainda cega, não caio no chão.

Comungo o instante,
A trajetória não tem fim.
Dentro de mim, todos os labirintos,
Todos os céus, todas as palavras
Tecidas com fervor.
Dentro de mim, todas as pétalas,
Todos os espinhos da flor.

Vestida de medo e alguma poesia,
Danço calmamente com a melodia
Que me aprisiona e reduz, sem
Pensar mais na escuridão, sem escutar
Mais a luz.

Karla Bardanza

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