Viaja-se ao encontro do que está além
Do bem e do mal.
A noite está ferida.
Uiva-se para lamentar as palavras líquidas,
Escorrendo sem gratidão, sem anúncio prévio.
Um cansaço brutal abraça os farrapos.
Trapos são esperanças, danças sem par:
Todos os objetivos, todos os adjetivos,
Nenhum sujeito: apenas objetos (in)diretos.
A sintaxe fraturada não pede continuação.
Viaja-se sem nada nas mãos além do suor
E dos calos.
Olha-se a água descendo pelo ralo:
A vida pode ser também misteriosamente
Tragada para o todo nada.
A viagem continua.
Uma pequena parada aqui, uma curva perigosa lá:
As nuvens não estão mais no lugar, a lua cospe
Verdades ensandecidas, a vida segue seu itinerário
Sem horário para acontecer.
Karla Bardanza
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