Essa coisa de amor aprendi com você.
Passei então a desobservar as regras
De proteção e a dizer sim apenas
Para São Paulo. Nenhum outro santo te
Segura nas mãos ou prende nossas vidas
Em noites sem voz.
Nós, há tantos nós.
Alguns escritos, alguns imaginados, alguns
Guardados na saudade que descansa no
Ibirapuera quando o calor derrete a vontade
De ser feliz. O Bixiga é o meu país. O Bixiga
Mudou-se para dentro de mim e eu falo
Mais italiano desde então.
Agora quando estendo a mão, pego apenas
O ar. Não há mais pastéis nem bares. Não há
Mais o Oficina logo ali tão perto. Na esquina,
Dorme a tristeza. Na esquina, a minha sombra
Agoniza com um tiro à queima-roupa.
Ontem eu te gritei. A janela fingiu que não
Ouviu a minha voz rouca. Peguei um avião
De volta para dentro da minha poesia.
Virei de costas a imagem de São Paulo.
Sobrevivo.
Karla Bardanza
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