A vida ainda vai me matar algum dia
enquanto eu voou para o (des)conhecido,
ouvindo aquele velho grito,
que guarda os meus segredos
nos bolsos furados do talvez.
Espero que alguém me atire respostas logo
ou me salve, pois a gilete está enferrujada
e a janela entreaberta. Estou cega demais
para ver qualquer estrela
ou o sol atrás do arame farpado.
Talvez eu encoste a minha cabeça no ombro do desespero
e alimente a lua sangrenta enquanto
me afogo nas águas misteriosas do meu inconsciente.
Talvez eu me case com a angústia dos meus olhos
e abra o zíper dos meus medos, caindo feliz em algum abismo.
A viagem é sempre doce apesar de tudo.
Acho que a vida vai me matar algum dia
e eu estarei em alguma sombra, com a testa franzida,
olhando para essa coisa feia dormindo dentro de mim.
Espero não esquecer o portão aberto desta vez:
este portão que sempre me leva de volta
para essa grande ilusão diária
ou eu nunca terminarei esta nota suicida.
A vida ainda vai me matar algum dia
e eu continuo aqui lambendo no escuro
a mesma ferida.
Karla Bardanza
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