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AS MÃOS AINDA DOEM

Quadro de Svetlana Valueva



Nenhum adjetivo dá conta
do tempo das flores,
do gozo escandaloso
da felicidade.

Nada que eu possa escrever,
rimar ou mesmo esconder
pode simplificar o que bate
aqui dentro,
o que existe
porque sempre foi-sendo.

E tudo isso
 é um punhado de coisas inatíngíveis,
de alamedas com rosas,
de coisas divididas,
com a morte e com a vida.

Quando a Deusa
te abençoa e os seus braços
recebem a tua paz,
o vento bate manso,
as pétalas voam devagarinho
para as colinas,
a mágica equilibra o universo.

Sigamos em frente:
o amor ainda é o verbo que pegou fogo,
e eu que não sei nada,
descobri que
sentir saudade é (te) amar de novo,
é viver pela metade,
é.

Não consigo escrever mais:
as mãos doem,
as mãos sempre doem
quando a alma sente.


Karla Bardanza








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