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CAMINHANDO NAS NUVENS

 Fernando O' Connor



Se pudessemos esquecer
o que nos torna diferentes
e apenas aceitar que somos
a respiração das estrelas,
o delta da vida.

Bem agora,
ouço as palavras gotejando
pela claridade tímida do dia
e vagamente, pergunto-me mais uma vez
onde foi que eu errei
como se o erro pudesse argumentar
comigo.
Mas são tantos,
Mas são tantas vozes.

Minha identidade veio dos múltiplos medos,
da inadequação, das coisas que me confortavam
e faziam-me bem maior, bem mais algo
que não encontro sinônimos para enfeitar.

Fui ficando assim:
inexplicável,
irreconhecível,
sem os predicados de dama,
sem as unhas de mulher,
sem esse tudo
que ainda nos define.

E isso
abriu o céu
para eu passar.


Karla Bardanza







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QUASE MÃE



 Tina Spratt






Ela atravessou o tempo,
colocando as mãos nos ouvidos
para não ficar para trás,
escutando o que queria apenas.

E mesmo agora,
depois de conhecer
o conhecido,
ainda não sabe nada
além do que sente.

Observo-a enquanto
abro o livro do esquecimento,
falando pouco,
vazia de conceitos,
virtudes e vento.

E mais uma vez,
pego as suas mãos
com a ternura dos vencidos,
com o medo necessário
que apenas o amor conhece
porque daqui para frente,
ela é apenas de si mesma
e eu,
e eu
apenas conselhos
e limitação.



Karla Bardanza





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