Fernando O' Connor
Se pudessemos esquecer
o que nos torna diferentes
e apenas aceitar que somos
a respiração das estrelas,
o delta da vida.
Bem agora,
ouço as palavras gotejando
pela claridade tímida do dia
e vagamente, pergunto-me mais uma vez
onde foi que eu errei
como se o erro pudesse argumentar
comigo.
Mas são tantos,
Mas são tantas vozes.
Minha identidade veio dos múltiplos medos,
da inadequação, das coisas que me confortavam
e faziam-me bem maior, bem mais algo
que não encontro sinônimos para enfeitar.
Fui ficando assim:
inexplicável,
irreconhecível,
sem os predicados de dama,
sem as unhas de mulher,
sem esse tudo
que ainda nos define.
E isso
abriu o céu
para eu passar.
Karla Bardanza
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