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DAS IGNORÂNCIAS IGNORADAS

Edith Lebeau



Ignoro o que adentra e adoro.
Fecho os olhos, canto.
No canto, apenas a voz,
a mão, a saia, a foz:
 tudo antes que eu desmaia.

Um claro enigma, uma coisa absurda,
e eu sempre quase surda
para o que ainda anda dentro
e dentro de mim,
o avesso de mim,
sim,
sim.

Não.
Não.
Isso deve ter cheiro,
deve ter choro,
deve lamber o céu da boca,
deve ser eu louca,
deve ser.

De costas,
estou de frente.
De frente,
estou do lado de fora 
e já fui embora,
e já fui para o limiar
que morre,
que vive
no fogo,
no jogo
do meu quase olhar.

Jogo a pele no chão,
a palavra no bolso,
o moço no porão.

De amor, só quero mesmo
a mais frágil recordação,
a mais tênue vontade
posto que tudo que durou,
ainda arde.


Karla Bardanza

 






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