Olga Sugden
Se pudesses vir comigo
porque não entendo
Se pudesses abrir as palavras
e encontrar o meu estranhamento,
o meu momento igual e diferente
que eu pouco sinto,
que você mente
Como seria navegar
em águas rasas,
em sentidos de agosto?
Um rosto toca o meu desentendimento:
esse eu narrante e narrado
e por dois intervalos e um instante,
o coração chega atrasado
Se pudesses vir comigo
porque um peixe fugiu do aquário,
porque o centro descentraliza,
porque tudo morre e precisa
Mas quem pode caminhar lado a lado
sem olhar para frente,
sem deixar cair os próprios pedaços
no asfalto cru?
Mas quem pode viver de peito nu
quando a boca sonolenta
dorme antes e depois?
Mas quem pode
ser um quando já nasceu
dois?
Karla Bardanza
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