Esfrego os olhos
Para acordar a manhã.
Não há plenitude
No céu nublado,
Nem na cama tão larga.
Coloco os pés no chão
Ainda com o pensamento
Absorto no corpo morto,
Quase frio, perto do caos.
Procuro as rugas do espelho
Que o ontem cancelou, procura
Pela sombra: maquinalmente
Penteio os cabelos que estão
Ainda dormindo.
Volto ao quarto,
Deito mais uma vez, olhando
Para o teto.
Uma aranha tece uma teia
Tão bela.
Contemplo-a em seu ofício.
O dia segue.
A vida caminha rápido.
Meu calendário continua
Em agosto.
Apalpo a cicatriz com
Serenidade, afagando
Com displicência a
Saudade.
Olho para a aranha
Mais uma vez, admirando
A perfeição dos fios
Enquanto fico entalada
Na garganta do tempo,
Esperando um empurrão
Da vida e talvez do vento.
Karla Bardanza
Um comentário:
Karla,
a teia da aranha entre os fios da vida.
uma comparação que s´+o mesmo tu.
bj
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