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QUANDO OS LÍQUENS DORMIREM NAS PEDRAS



Quando tudo for silêncio definitivo

E os líquens dormirem nas pedras

Ao pôr-do-sol, lembre-se apenas.



Quando tudo for apenas poesia

E as letras amanhecerem mudas

Nas páginas rasgadas do tempo,

Lembre-se mais uma vez até doer.



E deixe que doa com gratidão.

E deixe que a memória seja mar

E brisa enquanto o vento enraiza

No céu com graça e exatidão



E o meu te amo te beija os lábios

E segura a tua mão.








Karla Bardanza












O que preciso é de eternidade... Sendo assim...aprecie o que te ofereço de coração... Observe-me com a leveza de uma bolha de sabão... e ache minha beleza... Ela está ao meu redor...no meu calor...no meu estado permanente de flor.

Karla Bardanza




























UM ATO DE AMOR



O corpo não não me respeita.

Deito nele e contemplo

as minhas ribeiras,os oceanos,

anos e o desejo na boca.

Eu sou.

Eu não penso.

Eu apenas sou.



Porque na pele, porque

nos poros, porque nas pernas

e no meio delas, eu sou.

E sou do tamanho do que

é tão maior.



Amo o que vejo,beijo o

que vejo, gosto do que

há aqui

e aqui nada pode dormir.

Tudo acorda por dentro.

Tudo é apenas beleza

ignorada.Viajo em minhas

mãos.Sou mulher.



Algo dentro quer a redenção,

a mão na mão, a mão naquilo,

a mão e aquilo, a mão e eu,

eu sou um pouco mais que o

desejo, eu sou um pouco mais

de desejo. Eu sou. Eu.



Sorrio para a lua. Ela entende

o que me faz amar a minha nuca,

o meu pescoço, os meus joelhos,

os espelhos, os meus seios,

o meu todo, o meu tudo, estou

no mundo, o mundo em mim.



E eu não penso.

Nem posso.

Acabo de me transformar num jasmim.

Sou apenas beleza delicada, uma

mulher enamorada de suas profundezas.

E esta bom assim.



O corpo não me respeita. Ele apenas

se deita. Todo o resto é um ato

de amor.





Karla Bardanza










O que preciso é de eternidade... Sendo assim...aprecie o que te ofereço de coração... Observe-me com a leveza de uma bolha de sabão... e ache minha beleza... Ela está ao meu redor...no meu calor...no meu estado permanente de flor.
-Karla Bardanza-

SÉPIA



Esvazie os bolsos,
ponhas as mentiras
em cima da mesa.
Faça tudo com a delicadeza
dos fracos e a agonia dos medrosos.






Perto dos livros
-daqueles em frangalhos-
arde a tua palavra covarde
Essas coisas não cabem
nas estrelas.




Essas coisas estão morta
Larguei as malas para trás.
Estou carregando apenas
as fotografias em preto
e branco para recordar
o tempo perdido.





As cores são surreais:
ferem os meus olhos.
Sépia combina com você.





Certas coisas duram o
tempo exato entre o quase
isso e o quase aquilo.



Certas coisas são para
serem engolidas.



Não me aguardes mais.
Tirei férias de nós.





Karla Bardanza








O que preciso é de eternidade... Sendo assim...aprecie o que te ofereço de coração... Observe-me com a leveza de uma bolha de sabão... e ache minha beleza... Ela está ao meu redor...no meu calor...no meu estado permanente de flor.
-Karla Bardanza-

MEUS DEDOS TEM CORAÇÃO


Meus dedos tem coração.
Aprecio o pulsar nas entrelinhas.
Só não estou sozinha.
Minhas palavras sempre me acompanham.
E se chove ao redor, há ainda calor.
Meus dedos - esses danados-
me deixaram em estado permanente de flor.
Minhas pétalas abrem com alguma ousadia
antes do pôr-do-sol e sempre na próxima
poesia.


Karla Bardanza






"O que preciso é de eternidade... Sendo assim...aprecie o que te ofereço de coração... Observe-me com a leveza de uma bolha de sabão... e ache minha beleza... Ela está ao meu redor...no meu calor...no meu estado permanente de flor."
-Karla Bardanza-

MADAME MENTIROSA


Igualdade, assistência médica
e moradia.
O discurso político é pura filosofia:
a maioria se esforça para entender.

Entretanto, contudo, todavia,
Madame Política não respeita ninguém:
nem eu, nem você.

Ou talvez ela esteja acostumada
com um papo transcendental,
promessas e promessas.
Sentada confortavemente lá no Senado,
ela pensa: pra que pressa?


Karla Bardanza

SONETO DE JÚLIO SARAIVA


Algumas coisas a sorte atroz e vã

esquece pelas dobras da tarde mansa,

enquanto a noite dorme de manhã

e o amor apenas sorri e descansa.



Outras, o céu escreve no infinito

quando os deuses buscam amplidão,

e eu, sem voz, sento na lua e te fito

caminhando sem os pés na minha direção.



Em momentos assim plenos de delicadeza,

a minha alma floresce em súbita surpresa,

chamando novamente a tua aurora infinda.



E quando chegas com o sol no peito,

seguro tuas mãos com calor e jeito

sussurrando que te amo ainda.



Karla Bardanza



Visite o blog de Júlio Saraiva: http://currupiao.blogspot.com

I WILL BE OKAY



O sistema me massacra sempre:

Cansaço, corpo e alma amarrotados,

Sonhos irritados, minha voz não sai da

Boca. Louca mulher descabelada, longe

Do céu, perto das palavras que se afundam

Em mim.



Vou dormir e fingir que durmo, vou viver

E fingir que me acostumo com a força bruta,

Com a luta, com todas as coisas desnobres

Que deixam mais pobres o meu coração.



Não desforro a cama, não janto mais,

Meu sangue corre devagar. Minha imunidade

Saiu para jantar e me esqueceu aqui. Amanhã

Vou acordar junto com a lua e seguir a rotina.

Não! Acho que é a rotina que me segue e me

Persegue com essa dor nos bolsos sem fundo.



Daqui a pouco vou mentir para

Mim mesma e vou me esforçar para acreditar

Que tudo vai ser diferente

Amanhã.











Karla Bardanza





UM AMOR E(M) SÃO PAULO



Essa coisa de amor aprendi com você.

Passei então a desobservar as regras

De proteção e a dizer sim apenas

Para São Paulo. Nenhum outro santo te

Segura nas mãos ou prende nossas vidas

Em noites sem voz.



Nós, há tantos nós.

Alguns escritos, alguns imaginados, alguns

Guardados na saudade que descansa no

Ibirapuera quando o calor derrete a vontade

De ser feliz. O Bixiga é o meu país. O Bixiga

Mudou-se para dentro de mim e eu falo

Mais italiano desde então.



Agora quando estendo a mão, pego apenas

O ar. Não há mais pastéis nem bares. Não há

Mais o Oficina logo ali tão perto. Na esquina,

Dorme a tristeza. Na esquina, a minha sombra

Agoniza com um tiro à queima-roupa.



Ontem eu te gritei. A janela fingiu que não

Ouviu a minha voz rouca. Peguei um avião

De volta para dentro da minha poesia.

Virei de costas a imagem de São Paulo.



Sobrevivo.



Karla Bardanza




















































CARAMELS, BONBONS ET CHOCOLATS


Passei parte do dia,
escutando Dalida e Alain Delon,
e lembrando essas cenas que
eu já (vi)vi.

A música me vestiu, me despiu,
chegou mais uma vez lá.
-Pensei-

Caramels, bonbons et chocolat.

A letra...sei de cor:
meu francês que nunca foi meu,
veio parar na ponta da língua
em dó muito maior.

É, sentimos tão igual:
a decepção não tem pátria.
Mais uma vez
paroles, paroles, paroles.

C'est fini?
E ai?

Merci, pas pour moi (...)

Vou beber a música de novo
e me cobrir com o ar.

O silêncio consente.
O silêncio nada sente.


Karla Bardanza

Tradução de Paroles, paroles,paroles


É estranho,


Eu não sei isso que me chega esta noite

Eu te olho como pela primeira vez

Ainda palavras, sempre palavras, as mesmas palavras

Não sei mais como te dizer

Nada além de palavras

Mas tu és esta bela história da amor

Que eu não cessarei jamais de ler

Palavras fáceis, palavras fáceis,

Era belo demais

Tu és de hoje e de amanhã

Bem belo demais

De sempre, minha única verdade

Mas acabou o tempo dos sonhos

As lembranças murcham também

Quando são esquecidas

Tu és como o vento que faz tocar os violinos

E importa de longe o perfume das rosas

Caramelos, bombons e chocolates

Por momentos, eu não te compreendo

Obrigado, não por mim,

Mas tu podes bem oferecer a uma outra

Que ame o vento e o perfume das rosas

As palavras tenras cheias de doçura

Põem-se sobre minha boca

Mas jamais sobre meu coração

Ainda uma palavra, só uma palavra



Palavras, palavras, palavras

Escuta-me

Palavras, palavras, palavras

Eu te peço

Palavras, palavras, palavras

Eu te juro

Palavras, palavras, palavras, palavras

Palavras, ainda palavras, que tu semeias ao vento...



Eis meu destino de te falar

Te falar como pela primeira vez

Ainda palavras, sempre palavras, as mesmas palavras

Como eu adoraria que me entendesses

Nada além de palavras

Que tu me escutasses ao menos uma vez

Palavras mágicas, palavras táticas

Que soam falso

Tu és meu sonho proibido

Sim, tão falso

Meu único tormento e minha única esperança

Nada te para quando começas

Se tu soubesses como tenho inveja

De um pouco de silêncio

Tu és para mim a única música

Que faz dançar as estrelas sobre as dunas

Caramelos, bombons e chocolates

Se tu não existisses, eu te inventaria

Obrigado, não por mim,

Mas tu podes bem oferecer a uma outra

Que ame as estrelas sobre as dunas

As palavras tenras cheias de doçura

Põem-se sobre minha boca

Mas jamais sobre meu coração

Ainda uma palavra, só uma palavra



Palavras, palavras, palavras

Escuta-me

Palavras, palavras, palavras

Eu te peço

Palavras, palavras, palavras

Eu te juro

Palavras, palavras, palavras, palavras

Palavras, ainda palavras, que tu semeias ao vento...



Palavras, palavras, palavras

Que tu és bela!

Palavras, palavras, palavras

Que tu és bela!

Palavras, palavras, palavras

Que tu és bela!

Palavras, palavras, palavras, palavras

Palavras, ainda palavras, que tu semeias ao vento...