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O INEVITÁVEL SONO

Não vou falar
dos pequenos arranhões,
dessas fraturas expostas,
do nervo que ainda dói.

Não vou apontar
culpados, nem encontrar culpados,
nem inocentar ninguém.

A cobra está descansando
embaixo da pedra.
Melhor deixá-la dormindo.

Essas coisas que se amontoam
na porta ou dentro do armário,
vivem apenas na escuridão.

Brinquemos com as sombras
pois a luz é fraca demais
para enxergar essa coisa
chamada verdade.

Fiquemos na caverna
perdidos em nossas ilusões.
A claridade pode nos cegar.

Acorrentem as mãos
e os pés.
A gaiola é confortável.
O sono é inevitável.

Ate quando dormiremos
em berço esplêndido?



Karla Bardanza













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