Seja bem-vindo. Hoje é

POEMA-MINUTO

Quadro de Roza Goniva



Um minuto
e nada mais.
Palavras migram
sem pés e asas,
metáforas ficam mais cansadas
e eu tenho apenas um minuto
para falar o de sempre
e não dizer nada.


Karla Bardanza







Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

AS CONSEQUÊNCIAS LIMITANTES DA CHUVA

Quadro de William Whitaker



Enquanto olha a pequena claridade
que arrebenta as nuvens escuras,
pensa mais uma vez nos pequenos ultrajes,
nas coisas indignas, nas consequências
limitantes da chuva.

Não sabe ainda o que deve fazer,
não sabe nada de respostas.
Sente-se um pouco estranha,
sente-se doente e fraca
para combater as palavras.
Nunca soube muito bem
como bater sem as mãos.

As portas estão fechadas
e não há nada para lamentar.
Os erros cometidos são apenas os erros.
Não há perdão, não há futuro, 
quando os pés estão perto do precipício.

De tudo,
resta apenas a certeza do início,
a possibilidade da luz,
a volta por cima,
o amor-próprio como alento,
o tempo daqui pra frente.



Karla Bardanza



Photobucket
Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados

HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO

Quadro de Christine Marsh





Estou aqui, agora,
nesse mundo,
nesse instante apenas meu,
celebrando a minha vida,
os meus (des)acertos
e sentindo o silêncio
das coisas que fiz.
(porque fiz)


A vida está em mim.
Comemoro.
Cheguei até aqui
sendo o que tinha que ser,
buscando a minha identidade:
sempre quis ser eu mesma.

É bom
estar respirando,
trabalhando,
vendo a minha filha crescer.
É tão bom
ainda acreditar.
Já passei por tanto e tudo:
pobreza, doença, tristeza,dor,
e encontrei alguma coisa
sempre lá no fundo de mim.
Sempre.
O que me satisfaz e sustenta
ainda é o amor.
(Gosto de amar)

Estou envelhecendo
e estou feliz por isso
porque é bom viver,
apesar dos contratempos,
do mau tempo,
dos leões que não mato mais:
isso é antiecológico.
Prefiro virar mesas,
rodar a bahiana
e quando não tem jeito mesmo,
engolir sapos.

Não tenho conselho 
para dar, nem dica de beleza,
nem nada.
O que está no coração
veio com os dias.
Minha palavra de cabeceira:
delicadeza.
Minha fé:
perfeito amor.
Minha certeza:
bons amigos.
Meu suporte:
família.

Estou feliz.
Celebre comigo
o meu contrato com a vida.
É, hoje é o meu aniversário.
Viva!




Karla Bardanza




CARO LEITORES, ESTOU COMPLETANDO 1.000 POSTAGENS HOJE, JUNTO COM O MEU ANIVERSÁRIO. COINCIDÊNCIA OU NÃO, AQUI ESTÃO 1.000 POESIAS DE KARLA BARDANZA. QUE ELAS ME ETERNIZEM. OBRIGADO POR LEREM OS MEUS DESACERTOS E COMPLICAÇÕES. OBRIGADO POR VISITAREM OS MEUS POEMAS EM ESTADO PERMANENTE DE FLOR.












Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

MEU SEXO É SEM NEXO


Quadro de Susan Jamison


Meu sexo é sem nexo.
Ele não me define
nem me contém.
Sou perigosa
nestas coisas
que são destino
e confissão.

Meu sexo
não é o que pode ser visto.
Existo pra além dos olhos,
dos contornos
e evolução.

Sou derradeira,
insensata,
pra lá de voraz,
sou uma flor que ainda
vai nascer na data marcada.
Esse quando está suspenso
no ar.


O meu sexo
não está apenas no meio
das minhas pernas.
Ele está fora de mim,
enlouquecido por ai.
Não se engane
comigo.
Eu sou muito mais
do que está escondido
embaixo do meu umbigo.



Karla Bardanza






Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

ABENÇOADA

Quadro de Anne Lohse



Aqui dentro não sobrou nada para recomeçar e amanhã não será outro dia. Amanhã será igual hoje. Sentirei-me um pouco mais fracassada, tonta e exausta diante dos artifícios de uns, dos olhos de outros, dessas coisas que a vida apronta à minha revelia. Logo eu que pensei ter a poesia como escudo, profissão e resposta para tudo, para todos. Os amigos viram as costas, os julgamentos privilegiam, as mentiras ou verdades de cada um não combinam com a minha história sem The End porque ela não acabou. Ficou escrita nos meus olhos, nas minhas mãos, no meu direito de cobrar uma justiça que não terei.Ficou gemendo no sangue que escorreu apenas de mim mesma e de minha amiga que deu a cabeça por mim.

Não tenho palavras para ela, para essa mulher que jogou tudo fora e pulou na frente para salvar-me da grande caça as bruxas. Já deveria estar acostumada com os dedos apontados, com os olhares de lado e os risos frouxos. Queimar mais uma vez na fogueira tola dos outros não vai doer.

Disso tudo, não sobrará apenas as cinzas, o desentendimento e a indignação. Desse calor, além dos pedaços do ontem, terei uma única certeza: amigo verdadeiro pula conosco para dentro do fogo, morre pela gente, fica junto conosco, esperando o bombeiro chegar e se as labaredas estão altas demais, ele pula junto com a gente do décimo andar, de mãos dadas e olhos fechados.

Minha amiga segurou mais do que a minha mão, segurou a minha alma e caiu no despenhadeiro do meu lado. Tudo é apenas nada diante da coragem dela e eu vou viver mil vidas e nunca, nunca mesmo poderei sentir o que senti, quando ela abraçou a minha luta e deu o seu sangue para alimentar os leões em volta de mim.

Uma nova palavra deve ser criada para expressar esse sentimento que eu desconhecia. Minha amiga mostrou para mim a maior forma de amor que existe e eu, mesmo triste, mesmo derrotada, sinto apenas uma única coisa no meio disso tudo: sou verdadeiramente abençoada.




Karla Bardanza




Para Cinda Berard











Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

ENTÃO, O QUE É

Quadro de Kinuko Y Craft



Quando dorme,
esconde o coração no meio
das flores e pede que ele
o procure
com a delicadeza
das palavras nunca ditas,
com as mãos cheias
de possibilidades e surpresas.

Há tantas coisas nela
que estão em lugares
que ninguém pode achar.
(Menos ele)

Ele sempre volta
com o coração dela
queimando-lhe as mãos,
pingando coisas que apenas
ela sabe dizer sem falar.

Talvez ele entenda
a verdadeira razão dela
ter Ganesha sempre por perto.
Talvez ela saíba
quantos deuses e deusas
cabem dentro dela

Quando ela dissolve
seu corpo em linhas,
em metáforas,
em grandes paradoxos,
é sempre ela que o lê,
é sempre ela que deixa
o amor exceder
o decote do vestido rodado,
do encantado tempo.

E eu que quase
nada sei do amor,
que nunca entendi quando
o amor é amor,
vejo tantos detalhes
nas flores que escondem
o coração dela.
Vejo tanta coragem
nas mãos que ele mantém
sempre abertas
para acolher e colher
os mistérios daquela mulher.

E se isso tem um outro nome,
então o que é?




Karla Bardanza








Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

CAÇANDO NUVENS

Quadro de Michael Cheval


Aquela mulher tão livre,
fluindo pelo céu,
pelos espaços ilimitados
do agora
é uma nuvem fugindo.

Ele veio preparado
para caçar o imutável,
para cair se for preciso.
Ele sabe das coisas
que ela sabe melhor ainda
quando excede o real
e veste a própria nudez.

Como aprisionar
a beleza?
Como guardar a
delicadeza 
sem machucar?

Aquela mulher não sabe
ser terra. Ela é o ar
devassando a vida,
hospedando a vontade,
ela é a água em pedaços.

Ele quer o que acha
que merece.
Ela não nasceu para
pertencer a ninguém
além de si mesma.

Como segurar
o mistério nas mãos?
Como possuir
o que foi destinado
a sumir?

Ele não entende
a água suspensa na atmosfera
e espera mais do que pode ter.
Ela ama o vento
nos cabelos e faz amor com a vida.
Ela é ubíqua e eterna.

Como esquecer
o inesquecível prazer?
Como ser menos
escravo do que não se possui?
Por que o amor
para amar tem que prender?




Karla Bardanza

Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

SAL E SORTE

Quadro de Michael Parkes



Que seja fácil,
curar-te do peso
dos pés fincados
nas coisas iguais
que deixam a boca cheia
de metáforas desnecessárias
e explicações.

Que seja rápido
a tua falta de poesia,
os teus enigmas
e parábolas,
os teus medos do teu próprio escuro,
os teus pequenos pecados.

Que sejam leves
os teus livros práticos
e as tuas teorias,
os teus manuais sem folhas,
as coisas que te distanciam
das minhas águas.

Que seja possível
criar vôos surreais
com o meu corpo
morrendo de infinito
quando te fito,
quando te sinto,
quando te dou todas
as coisas inominadas
da pele.

Que dure
muito mais
do que o espaço
entre a tua língua
e a minha
nas vezes em que
te arranco verdades.

Que seja
para além do bem,
para além da pulsão da vida
e de morte.

Que seja apenas
sal e sorte.




Karla Bardanza












Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS

 Quadro de Alissa Monks

 
 
"Que a tua identidade seja a tua religião."
Lady Gaga




Depois de tudo,
resta o resto,
a mão machucada,
um banho para esquecer.

Mas a pele quer
o que a mente mente
e o desejo calado,
sufoca e consente.

Com as mãos no rosto,
a culpa rasga a alma,
a vergonha faz espuma
na água que não lava
a (in)decência dos maus
costumes.

Ela não quer pensar.
Ser livre é apenas
para quem pode fazer escolhas.
(Ela não pôde)

A água enruga o momento,
afoga o corpo alado,
deixa as asas pesadas
demais para carregar.

Chorando,
ela opta pela mesma vida
de bons antecendentes
e prazeres corretos,
sem escutar o que a vida pode dizer.

E covardemente,
começa a submergir
em suas profundezas caladas,
perdendo a sua medrosa singularidade
em águas turvas e paradas.




Karla Bardanza











Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

COMENDO A VIDA

Quadro de Lee Price


Morrendo de solidão,
ela abre todos os pacotes
de biscoito, comendo
a dor, saboreando
as coisas inevitáveis
da vida.

Mansamente engole
o que não pode cuspir,
pensando sem pensar,
sujando tudo ao redor,
sentindo-se bem menor
atrás da porta fechada.

E enquanto fica ali,
a alma começa a fugir,
a dor engorda um pouco mais,
a noite emagrece
desnutrida.

E enquanto fica ali,
a depressão ceva a vida.


Karla Bardanza













Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

NUA, LEVE, LEVE-ME

Quadro de Kamille Corry


Nua, leve,
leve-me.

Negros cabelos
comendo os ombros,
cegando os olhos.
Despi-me
de 
mim.

Coragem alargando
os pulmões,
a virgindade dos minutos
amparando a boca,
aproximo-me
breve.

Acolho-me
nos cantos,
deixando a sombra
e a luz brigarem
pela minha pele.

Eu e eu
em teu chão,
do lado de dentro
do prazer,
deixando as asas
do lado de fora
apenas para
você.


Eu e eu,
completa,
orgulhosa por cada
cicatriz que podes
ver e tocar
cada segundo
bem agora,
bem agora,
quando o prazer
transcende as nossas palavras
e até mesmo a hora.



Karla Bardanza


Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

INNUENDO

 Quadro de René Magritte


Qual cavalo alado,
sem um corno saindo indolentemente
das brumas do todo sempre,
qual innuendo estranho onde as asas são atraídas
para o fogo de uma vela numa casa velha,
qual uam pseudo bruxa diante das borbulhas
de sua mente quase má,
ajoelho, buscando de novo
um pouco de ar.

E a casa queria-se um castelo
perto do nada, suspensa pelos
olhos de Magritte ou talvez um
castelo de cartas como divinação
e contradição.
E a casa era igual ao melhor pedaço
de mim: aquele mesmo que procuro
não sentir em meus surreais vôos
e verdades.

Oh! Triste a minha sina, como um fado que canta
debaixo de uma ponte sem ferro ou flor.
Oh! Triste a minha sina de pó e terror,
de rápido encontro com os meus mundos.
Apenas sou e se sou devo ser o que já não
sei mais deixar de ser.

Vi o mar, sim, e quis um poema perfeito, sim...
Mas não te procurei, não te quis encontrar...
Não desta forma quando pouco já sei,
quando fecho os olhos para cheirar os sonhos
e ser forte e ser fraco e ser alguém.Quero
tanto, tudo que possa justificar
e ser um pouco de magia.
Quis o corpo.

Quis a alma também, mesmo utópica,
mesmo sem gémea ou atalho de outra,
quis a alma impura disso que faz-me
maior e brando, quase rei,
quase santo e céu.

E ao longe vi profetas, deusas indianas,
algumas gregas, como os vasos partidos
nos barcos adormecidos em fossas escuras
[...tão profundas...tão perto...]

E pronto...

Qual cavalo alado, irei como vim.
Sou os troncos que entram pela janela do teu quarto onde te baloiças nas noites,
pensando em mim
e em minhas viagens sem volta.

Não temas...
Não chores...
Deixes-me ir.
Fugir para dentro do branco,
do que engole o destino
e estreita a morte.

Qual cavalo alado,
sem uma asa saindo tonto
das nuvens cansadas,
qual innuendo estranho onde as palavras são
sangue, punhal e maldade,
qual bruxa que não é lambendo
a pele de sua melhor vítima,
ajoelho para cair
dentro daquela paz,
morrendo
mesmo,
morrendo
agora,
morrendo mais.



Ricardo Pocinho e Karla Bardanza



Ricardo, amigo, obrigada por esse momento maravilhosamente poético. Te beijo.






Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

ID E EGO NUM BEIJO

Quadro de Tara Juneau


Clara escuridão,
jogos para viver.
Doce perversão
ou
complexo prazer?

Olhos quase cegos,
fetichismo e desejo,
 Id e Ego
num conflituoso beijo.

Mãos atadas,
possível desvio,
loucuras tão sagradas,
complicado cio.

Caem as verdades,
as roupas e os véus.
Cada (a)normalidade
tem o seu próprio céu.

Chicote e vela.
 Látex e algemas.
A dor é sempre bela,
a submissão tão suprema.



Karla Bardanza







Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket

EM ÁGUAS PROFUNDAS

 Quadro de Carol Bennet



O primeiro tapa foi no rosto. Certeiro. Ela lembra apenas da noite dentro dos olhos, das estrelas deformadas, daquelas coisas que matam. Ela lembra do empurrão, do pé quebrado, do fundo do poço, do moço destruindo-a sem cuidado.

O amor vai curar, abençoar a união, lavar as mãos. O amor vai mudar o imutável. O amor tinha ofícios que não lhe cabia. Ela pensava em coisas sutis, em estados oníricos, em respostas, em pratos quebrados, em promessas escritas e apagadas, em traições, em rastros e restos de sua vergonha.

O uso tornou-se hábito. Ela arrastou as correntes até o desespero arrebentá-las, em um dia qualquer de seu calendário quase etílico. Acostumou-se as algemas, aos olhos que não abriam, ao leão descabelado e domesticado no peito. Foi preciso coragem e exatidão para arrancar as esporas rasgando o coração. Foi preciso encontrar o sangue frio e matar a si mesma para poder respirar.

Às vezes, quando olha por cima dos ombros, os escombros estão ainda lá nas pequenas cicatrizes escondidas no corpo. Nunca pode saber se ficou mais forte ou mais fraca. Sabe apenas que perdeu o norte, o porte, um pouco de si em águas profundas. Sabe somente daquilo que continua vivo e voraz debatendo-se dentro de mim.




Karla Bardanza






Violência doméstica e violência de gênero



A grande maioria dos homens diz considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação” (91%).




Embora apenas 8% digam já ter batido “em uma mulher ou namorada”, um em cada quatro (25%) diz saber de “parente próximo” que já bateu e metade (48%) afirma ter “amigo ou conhecido que bateu ou costuma bater na mulher”.




Dos homens que assumiram já ter batido em uma parceira 14% acreditam que agiram bem e 15% afirmam que o fariam de novo.




Como em 2001, cerca de uma em cada cinco mulheres hoje (18%, antes 19%) consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.




Diante de 20 modalidades de violência citadas, no entanto, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%).




Comparando-se a 2001, quando apenas 12 modalidades de violência haviam sido investigadas, a taxa de mulheres que já sofreram alguma caiu de 43% para 34% - mais especificamente a taxa agregada de violências ou ameaças físicas oscilou de 28% para 24% e a de violências psíquicas caiu de 27% para 21%.




Isoladamente, entre as modalidades mais frequentes, 16% das mulheres já levaram tapas, empurrões ou foram sacudidas (20% em 2001), 16% sofreram xingamentos e ofensas recorrentes referidas a sua conduta sexual (antes 18%) e 15% foram controladas a respeito de aonde iriam e com quem sairiam (modalidade não investigada em 2001).




Além de ameaças de surra (13%), uma em cada dez mulheres (10%) já foi de fato espancada ao menos uma vez na vida (respectivamente 12% e 11% em 2001). Considerando-se a última vez em que essas ocorrências teriam se dado e o contingente de mulheres representadas em ambos levantamentos, o número de brasileiras espancadas permanece altíssimo, mas diminuiu de uma a cada 15 segundos para uma em cada 24 segundos – ou de 8 para 5 mulheres espancadas a cada 2 minutos.




Com exceção das modalidades de violência sexual e de assédio – nas quais patrões, desconhecidos e parentes como tios, padrastos ou outros contribuíram – em todas as demais modalidades de violência o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.




A continuidade de vínculo marital é mais alta nos casos de violência psíquica (de 29% a 43% dos casos, nas cinco modalidades consideradas), mas atinge 20% mesmo em casos de espancamento e mais de 30% frente a diferentes formas de controle e cerceamento.




Os pedidos de ajuda são mais freqüentes (de metade a 2/3 dos casos) após ameaças ou violências físicas, com destaque para as mulheres que recorrem às mães, irmãs e outros parentes. Mas em nenhuma das modalidades investigadas as denúncias a alguma autoridade policial ou judicial ultrapassa 1/3 dos casos.




Entre os homens, um em cada dez (10%) diz espontaneamente ter sofrido violência de alguma mulher (excluída a mãe). E diante de 11 modalidades de violência citadas, quase a metade (44%) já teria sofrido alguma, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (35%), mas também alguma ameaça ou violência física (21%), com destaque para os que levaram tapas e apertões (14%).




Tanto mulheres agredidas como homens agressores confessos apontam como principais razões para que episódios de violência de gênero ocorressem em seus relacionamentos algum mote referido a controle de fidelidade (46% e 50%, respectivamente). As mulheres destacam ainda (23%) predisposição psicológica negativa dos parceiros (alcoolismo, desequilíbrio etc.) e busca de autonomia (19%), não respeitada ou não admitida pelos mesmos. Os homens alegam também que foram agredidos primeiro (25%).




Cerca de seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e cerca de quatro em cada cinco (78% e 80% respectivamente) têm uma percepção positiva da mesma


Mais informações aqui

Photobucket
Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados

THERE'S A FIRE STARTING IN MY HEART BRINGING ME OUT THE DARK

 Quadro de Gerry Dobbelaer




Teus beijos de esquecimento
vão caindo de tua boca
e dissolvendo 
eu,
eu,
eu
vou ouvindo Adele,
deslizando mansamente
para dentro do escuro,
morrendo,
morrendo,
morrendo
de tanta vida.

Por alguns segundos,
presto atenção a música,
mas já estou naquela voz,
naquelas mãos,
naquele momento
fora e dentro,
dentro e fora
das horas.

E vou caindo
para o alto,
saltando devagar
sem ar,
sem ar,
sem ar
eu estou.
E é bom,
já nem mais lembro
de ti,
de ti,
de ti.
E vou pensando
no meu amigo falando da mente
vazia, do desapego,
da morte da noite
e do dia,
e vamos recitando mantras,
abrindo as mãos,
fazendo uma oração
que apenas o corpo
pode escutar.

E enquanto Adele canta,
meu coração levanta
e começa a dançar.
E como
quem já está no fim,
te puxo para dentro de mim,
tão leve,
tão breve
como o amor deve ser
sem você,
sem você,
sem você.

E de olhos bem fechados,
fico feliz por te esquecer.




Karla Bardanza








Copyright © 2011 Karla Bardanza Todos os direitos reservados Photobucket