Hernan Javier Munõz
Sentir e sentimento fundem-se
e o meu tear desconhece a poesia
que já me pertenceu.
Durmo nas vogais silenciosas,
nas consoantes que me estranham.
Eu não sou mais eu
e esse eu ainda subversivo
procura a resistência carinhosa
das palavras que tardam
dentro desse mim
oculto.
Escuto o que as mãos
sequer ousam, tentando
reter em meus dedos a poética
adormecida dos dias.
Desaconteço calmamente,
indecentemente.
E se não fosse por esta lacuna,
essa indescritível lacuna
que afastou-me das palavras,
a vida seria o desdobramento
do encanto,
o encontro perfeito das nuvens.
Karla Bardanza
2 comentários:
Carla, belíssimo como toda sua poesia. Há nos poetas, momentos lacunas como reflexão dos outonos, recomeços quando paira a luz da inspiração e tudo brota, nos mais perfeitos espaços. Parabéns, uma joia.
Carinho, Lu
Como fugir das palavras se essas são a sua essência?
A poeta surgiu ao primeiro suspiro... Ao primeiro olhar de mundo.
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