Quadro de Duma
O que me completa
é o ar,
os átomos soltos na eternidade
do agora.
Nunca pensei
que coubesse tanto no vazio.:
histórias, fotografias,
pesadelos, escuridão
e claridade.
Não tenho saudade
de estar dividida
em partes e portos
sem navios.
Quando não há
o fogo, a calmaria
dorme tranquila
em meus confins de silêncios
e flores.
É melhor o que não se sente.
Não há letargia,
inércia
ou medo.
Há apenas a mulher
engolida pela poesia cotidiana.
Aquela que acorda cedo
e vai guerrear sem elmo.
Quando se cansa,
já é mais de 22h00
e a lua já está de pijamas.
A vida segue
e eu sigo atrás dela.
Tiro os sapatos
para sentir a força telúrica,
a estabilidade de ser
quem sou
e vou andando.
Às vezes, cansada,
às vezes, febril.
Nada importa
além da segurança
e do sustento,
do salário certo,
das coisas que solidificam
e fazem sentido.
A vida nos acomoda
e incomoda.
Estou no mundo
e o mundo não está em mim.
Aqui dentro,
existências múltiplas,
missões para finalizar.
Aqui dentro,
uma vontade louca
de ser mais leve
que o ar.
Karla Bardanza
2 comentários:
Tão "eu" esta poesia...
( Me vi nela! )
Bj
Helô
Li de novo e gostei ainda mais!! Pode isso?! rs
Bjssss
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