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AS TERNURAS DA DOR

Quadro de Graeme Balchin




Março é um mês cruel:
a vida veste as mesma cores
e eu fico roendo as unhas,
antecipando o final.

Corro de tudo,
mas o fim do mundo começa
toda segunda-feira às 7:10 em ponto
e o meu corpo tonto desobedece
as ternuras da dor.

O exílio é quase suave.
Em meus desertos,
apenas a verdade absoluta
da erosão,
apenas a luta inglória de quem perde
sempre calada
um pedaço do coração


Karla Bardanza
 




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