Quadro de Alejandro Barrón
Salve-me
do calor,
do salário curto,
do cansaço
e do desânimo.
Salve-me
dos ônibus lotados,
da falta de perspectiva,
das coisas que
me diminuem
na sala sem ventilador
onde quarenta ou
mais morrem
de sede.
Salve-me
dos dias sem cor,
do desencanto,
do desnobre ofício
de não acreditar.
Salve-me
das coisas que
estou sempre adiando
por medo
ou falta de opção.
Salve-me
da dura tarefa
de ser eu mesma
todos os dias,
dos pratos amontoados
na pia,
das paredes mofadas,
de tudo
que atravessa
a garganta
e o mundo.
Salve-me
do nada
e da letargia,
das manhãs
sem respostas,
das apostas
vazias.
Salve-me
da vida
que mata.
da emoção
tosca
e barata,
da mordaça
na boca
cheia de dúvidas,
dos cadeados
que fecham
as portas
e
as mentes.
Já começo
a me afogar
dentro de mim
e nada sentido
faz algum
sentido.
dentro de mim
e nada sentido
faz algum
sentido.
Karla Bardanza
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