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OBSCENA-MENTE


Paulo Cabral
Pensei que podia escrever quando a palavra ousasse, quando arrastava milhares de répteis e vomitava fogo para queimar propositalmente todos que pudessem ler as minhas artimanhas enjoadas. Pensei que podia deter a noite no meio dos dias e as coisas que já me danificaram o lado virgem da alma. Não consigo calar a boca da mente, as vontades obscenas, inclusive àquelas de ser poeta como se isso não fosse dom e disciplina. Talvez, algum dia, eu consiga chegar lá do outro lado de mim e ser um melhor algo, um eu mais sonoro e grandioso. Nunca alcancei a magnificência do outro. A grama parecia mais verde, mas era artificial. Preferir ser insignificantemente cheia de significâncias...Quase todas minhas. Agora, estou habitando a minha pele sem discordar das horas, sem querer a eternidade das coisas (im)possíveis, sem muitas neuras. Algumas nóias já me bastam. E é com o peito amuado e cheio de gratidão que enxergo sem muita luz que o sono é delicioso.O despertamento é coisa do tempo.



Karla Bardanza




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