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SONHO DE FADA


Abro a porta de um infinito
E me escondo atrás das estrelas,
Esperando ansiosa as palavras
De veludo do sol, enquanto danço
Com um girassol cheio de sonhos.

Passos pintados de eternidade,
Magia de flor, sintonia e mil luas,
Rasgo o coração e caminho nua
Para as tuas mãos, pisando em
Paraísos e poemas, voando com
As pipas e os cometas até achar
O caminho perfeito para o teu
Peito.

Arquiteto fantasias, canto o
Destino, falo uma língua que só
Os amantes ousam entender
Quando vêem o deserto florir.
E assim alimento a ilusão,
Pensando construir uma ponte
Entre o nada e o não para
Você chegar aqui.

Espero deitada num teto de
Brumas, entre o céu e as
Espumas com uma calma
Larga de fada que sabe
Esperar calada o amor
Chegar pelas curvas da
Delicadeza, pelos suspiros
Do ar.

Karla Bardanza

Minha Fantasia


Da madrugada rasgada de estrelas,
Bordo planetas, costuro palavras
Que alinhavo com as mãos calejadas
De magia e todo o encantamento.

Por um momento apenas, deixo
De ser quem sou e visto o perfume
Dos poemas, perdida em nuvens.
Pesco sortilégios, ordenho nuvens,
Deito em maravilhas escutando
As tristezas da lua.

E toda vez que esta mulher sai
De dentro de minha alma, acalmo
Os meus olhos e me sinto completa,
Repleta de resposta e imagens.
Meu coração selvagem voa, caça
Vogais e consoantes que são seduzidas
Pela poesia e nestes pequenos instantes,
Sou o meu próprio mito e fantasia.

CLAIR DE LUNE


O clarão da lua desperta melodias invisíveis
Dentro de meu infinito, penetra por minhas
Frestas, banha minhas encostas caladas,
Beija minhas ribeiras, toca acordes que eu
Sempre prefiro esquecer quando tudo ao
Redor é silêncio e um pouco de sonho.

Ouço o que em mim chora com as mãos
Abertas para a eternidade, com uma magia
Antiga presa na garganta, com uma paz
Ignorada, sem desvendar o que ainda escondo
De mim mesma, sem o arrependimento do
Que o tempo devorou.

Deito no passado e permito que um vento
Destruidor leve tudo de mim, menos você
Meu amor, menos você meu amor.

Karla Bardanza

OS FIOS DO INFINITO




Deitados juntos ao céu, os amantes sonham


Com o amor, abrindo a porta do tempo,


Perdendo os corações que dormem juntos


Com a paixão, fazendo a música da lua


Com suas vozes de perfume e flor.


Uma claridade mística cobre os seus olhos


De um azul inacessível.


Tudo embriaga e evoca horas absurdas.


Tudo é exaustão encantada.


E ali, naquele instante quase mágico,


À beira do nada, os fios do infinito


Dobram lentamente, tecem poemas,


Bordam palavras, arrematam a eternidade.


Karla Bardanza

MADRIGAL DE AMOR


Com os olhos de eternidade
E as mãos cheias de infinito,
Um homem abriga a beleza
Enquanto minha alma fito
Em seus os braços de delicadeza.

Meu coração tão embriagado
Aceita calado a invasão,
Sentido todo encantado
Que a vida é uma alegoria,
Um céu deitado na imensidão.

E o que enraíza é o momento,
É a palavra dita em luar
E amarrada por uma rosa.
E o que me trazes é o mar
Tatuado nas curvas de uma prosa.

Um longo abraço nos anistia
E solidifica a esperança e o ar
Em alguma flor e mansa brisa.
E isso que podemos testemunhar
Ainda é o que nos define e eterniza.

E sendo dois, somos apenas um
A entender a vida e a sua melodia
Bordada nas estrelas e no tempo.
E o que nos une é a terna poesia
Escrita nas esquinas do sentimento.

Com os olhos cheios de eternidade
E as mãos cheias de infinito,
Um homem desvendou o meu prazer.
Nada digo, apenas sei e sinto
Que encontrei o meu você.

Karla Bardanza


A FILOSOFIA DO PRAZER


Em desertos distantes,

minha alma vive cercada

de luares e alguma magia.

Vivo o instante sem

buscar qualquer filosofia.

Guardo estrelas nas mãos e

todas as linhas do destino

são pontes para o um deus

que está sentado em meu coração,

calado e cheio de paixão.

Cada dia sou um pouco mais

o que fui e tudo o

que posso ser e se eu puder

arrancar algo das mãos

da vida, será apenas o

meu próprio prazer.


Karla Bardanza


A ALQUIMIA DA DOR


Duas forças gritam dentro de mim:
Pulsão de vida, pulsão de morte.
Uma é atrevida, a outra depende
Da sorte.
Trampolins para todas as metáforas
E símbolos, caminhos longos ou curtos,
Duas forças me impulsionam para
Além do bem e do mal, para o prazer,
Para a queda total.
E me aniquilam, torturam ou definem.
E me cochilam, aturam ou deprimem.
E sendo uma, duas sou.
E se respondo, quem me chamou?
Mas uma amarga certeza adormece
Em mim:
Talvez eu nunca descubra a alquimia da dor,
Talvez eu nunca encontro o fio de Ariadne,
Talvez eu tenha matado o amor.

Karla Bardanza

AS ENCOSTAS DA ETERNIDADE


Quase habitei as encostas da eternidade
Quando bebi sozinha tua pele de doce luar.
Sede intensa, busca e resgate da felicidade
Vivi quando tua alma terna eu pude navegar.

O luar era o meu espelho e doce imagem,
Era o mergulho no teu corpo e santo sabor.
Fiz da noite a minha brisa e cruel aragem,
Arrancando prazeres do teu lúcido calor.

Quase rasguei o misterioso véu do teu mar,
Em teus braços de sol, em teus olhos de mel,
Reaprendendo a solidificar até o próprio ar.

Mas o tempo traidor devora as forças e a vida,
Entristece os fortes, cala o coração e o terno céu,
restando nada além dessa selvagem ferida.



Karla Bardanza

RAINHA DA CHUVA






























Quando pesa o céu e as estrelas dormem em

meus olhos, sou a rainha da minha própria chuva.

Lágrimas são iguais a mim quando o infinito

é negro e a dor alonga a poesia.

Ouço a angústia sangrar enquanto sento

entre o ódio e uma flor.Mas sorrindo sempre,

ninguém sabe, ninguém vê a minha dor.


Quando todas as luas me odeiam, arrasto versos,

faço um buquê de musa morta e fecho a porta

de meu coração escondida com a agonia amordaçada

em minhas mãos.


Karla Bardanza

ELA FUMA AS MÁGOAS


Com um cigarro no canto da boca

e um cafézinho na mão,

ela chora em cima do velho colchão:

arena de tanto ardor imperfeito.

Perto do peito, uma antiga

medalha dada por algum canalha.

Rosto quase belo, já

esquecido e amarelo.

Mãos amargas, corpo duvidoso,

cabelos cansados.

E ali dentro do quarto sagrado, 

ela fuma as mágoas e a dor uma a uma 

até que a sua própria alma também suma.


Karla Bardanza

OLHOS DE VAPOR


Teus olhos cobertos de vapor

sobem em mim sem licença

e anistia quando eu corro

vestida de desejo e poesia

pelas ruas amantes de um céu

eterno e distante.


Teus olhos saciam minha

sede de um amargo mar,

de um gozo preso em minha

garganta e me fazem enlouquecer

e me acordar.


Teus olhos são a sombra que

não me estranha ou olvida.

Teus olhos, Amado, talvez

sejam a própria vida.


Karla Bardanza

SOMBRIA DAMA


Belezas não sabidas guardo dentro de meu coração aceso,

de meus olhos de fogo.Talvez eu seja apenas uma sombria

dama perdida em um misterioso jogo, talvez eu seja uma rosa que

evapora tranquila entre a brisa e um poema.Longas frases guardam

minhas palavras, iluminam os meus desejos sem sol, triunfam e

me contemplam caladas enquanto eu choro as tristezas da lua, tão nua,

tão cedo, em segredo no meu pobre tabuleiro de emoções.

Nas noites de sombra, todos os oceanos são negros e meus e

tudo naufraga em mim até eu me me perder em meu

labirinto sem fim.


Karla Bardanza

AMOR AMIGO



Ponho tuas lágrimas em meu coração
E choramos juntas as tristezas do infinito
Enquanto vislumbramos uma claridade
Doente.
Ficamos sorvendo aquele místico elo que
Nos une e nos anistia até a vida lentamente
Se tornar poesia.
E juntas deixamos que os nossos corações se
Embriaguem com o nosso pranto calado,
Sentindo nosso sangue cansado emergir
Em nossas veias indefinidas, sentindo que
O que nos separa e define é a própria vida.
E num abraço letal, nossas almas perfumam
O entardecer porque a amizade é o outro
Nome do prazer.

Karla Bardanza

A FLOR MAIS VAGA


Acordas minha alma de luar,
Sempre profunda e rica, cheia
De encantos secretos e sortilégios.

Transporta-mes para o avesso
De mim quando atravessa os
Meus jardins e habitas em minhas
Rosas que se evaporam tão caladas.

Pintas o meu horizonte com um
Azul inacessível, invisível silêncio
Entre o amor e o prazer.

Desvenda-mes as entrelinhas
Quando sozinha grito por você.

Cozinhas o meu coração com
Graça e esplendor e eu... e eu...
Só consigo te chamar de meu
Amor...

Karla Bardanza

DIÁRIO DE UMA PAIXÃO


Minha voz faz o perfume que acorda a minha alma
Quando desvendo o teu infinito em mil doces luares
Numa calma larga que me transborda e me navega
Toda vez que o meu coração é o meu próprio mito.
E sou todas que cabem em mim nesse segredo que
Todos já conhecem e desejam de olhos fechados.
Beijar-te é apanhar a saudade fazendo amor com
Todas as estrelas e planetas. Sinto minhas mãos
Impregnadas de desejo e sabor toda vez que sou
Tua como a lua é do poeta e nada discreta grito
Ao vento toda a eternidade que cabe apenas
Quando estou em tuas mãos de alecrim, em
Teus lençóis de flor de jasmim. E vou tecendo
Em meus fios um pássaro da alegria que voa
Para além, muito além do tempo eterno, cheio
De poesia e assombro toda vez que escorrego
Meu rosto pelo teu terno ombro.

Karla Bardanza