Seja bem-vindo. Hoje é

ELA ME ENSINOU A VOAR



E ela me ensinou a voar.
De olhos fechados,
Sinto a leveza do olhar,
Asas no além, um bem
Quase sublime, o prazer
De ser o que deve sempre
Enfeitiçar.
Sonhos de amar flor,
Liberdade sem amor,
Asas feitas de cetim
E lá vem ela pousar
Tão dentro de mim.
Nada para me conter,
Fuga para o atrevimento,
Quero ser borboleta e
Me perder no vento.
E se tempo me sobrar,
Vou aprender a amar.

E ela me ensinou a voar,
De olhos fechados, saio
Do casulo e vou para o
Abismo.Caio.Queda para
O alto.Asas cobertas de
Alegria.Esta sou eu cheia
De fantasia, sonhando
Sem limites, sem fronteiras.
Sem eira nem beira, alço
O vôo mais desafiador:
Ir deixando o passado e
Todo seu esplendor.E lá
Vou eu rumo a mim mesma
E descubro quase atrevida
O que pode ser a vida.

E ela me ensinou a voar.
Nunca mais consegui pousar...

Karla Bardanza













TEU SABOR


Teu sabor
Guardo na pele
Com gosto e
Cheiro de prazer.
E sinto
Nos poros
Tua boca de maçã
Convidando meus
Sonhos logo pela
Manhã.
Na ponta da língua,
O tempero do amor.
Flor de laranjeira
À beira do sol, um
Girassol olhando
Para uma flor.Cravo
E canela no olhar
Abrindo minhas
Portas e janelas
Para o teu luar.
Mãos de alecrim,
Cabelos de cereja,
Teu cheiro de jasmim
Lá dentro de mim.
Te provo com
Surpresa, com
A delicadeza do
Pêssego e com as
Cores do carmim.
E quanto mais sinto
O teu gosto, mais
O desejo não tem fim.

 





Karla Bardanza

A SABEDORIA DA GENTILEZA


Se o teu desejo
For o meu desejo
E couber em um
Beijo...

Se o teu prazer
For o meu prazer
E couber em um
Amanhecer...

Se o teu mar
For o meu mar
E couber no
Meu olhar...

Se as tuas asas
Forem as minhas
Asas e me levarem
Além do céu e das
Casas...

Se a tua poesia
For a minha poesia
E me mostrar tudo
Que delicia...

Se o teu luar
For o meu luar
E puder me
Acariciar...

Se o teu coração
For o meu coração
E tatuar nas estrelas
A tua dedicação...

Se a tua alma
For grande e
Couber na palma
De minha mão...

Então,
Terei certeza
Que escolhi
O amor e a
Delicadeza.

Karla Bardanza

A ALIANÇA


De repente ela notou que havia inchado: as mãos, os pés, o rosto, todinha. Ficou preocupada mas não foi ao médico. A primeira providência foi tirar a aliança.Já não mais cabia no dedo tão gordinho.Pegou a aliança e encarou-a com uma dor, aquela guardada no peito por tanto tempo.Lembrou do início...e o início tinha sido maravilhoso.Mas, agora tudo estava tão chato! Ele, distanciado, ilhado em algum lugar e ela nem sabia como chegar até lá. Desejo morto, cama fria, cansaço e acomodação.Por muitas vezes pensara em jogar tudo para o alto, chutar o balde, como dizem.Não podia ou será que não queria? Carregava o casamento ou um fardo? Carregava um casamento que era um fardo.
Sim, era um fardo pesado.Por instante pensou nos sonhos românticos, na delicadeza que havia perdido ao longo da vida e todas as vezes que tinha acreditado no amor.Porém o amor não era culpado, pensou tristemente.Então, se culpou.
Não chorou. Foi cuidar da vida: lavar a louça, varrer a casa, fazer o almoço dele.Ele já ia chegar logo.Correu com tudo e prontamente ao meio-dia, o almoço estava pronto.Como de costume, ele chegou, deu aquele beijo com gosto de rapidez sentou, ligou a tv e a ignorou. Ela nunca almoçava com ele.Às vezes, nem almoçava. Ficava na cozinha com o cachorro e as gatas olhando para o dia de ontem, perdida em pensamento, em sonhos e promessas que nunca cumpria. Quando acordou, ele já tinha ido embora.
O tempo foi seguindo seu curso, ela inchando e ele nem havia notado que ela nem usava mais a aliança. Acabou perdendo o costume de usá-la, também já tinha perdido o costume de estar casada.Parecia mais uma empregada sem uniforme.
Quase todo dia, ela inchava mais. Ele ia para o trabalho, voltava e não via que ela estava parecendo uma bolinha.Ela já nem quase andava, parecia flutuar no ar.Preocupada, amarrou um barbante na perna e o prendeu embaixo do sofá. Era um barbante bem longo e assim, ela podia locomover-se pela casa toda.Não saía de casa mesmo!Era estranho flutuar mas, era uma delícia também. Ela adorava a sensação de não estar no chão e toda vez que isso acontecia, ela ficava tão alta que podia ver um cavalheiro triste sentado numa pracinha tão distante dali. Compadecia-se dele e gostava de vê-lo todo dia ali, quieto, olhando para dentro apesar de parecer observar a paisagem.
Um dia, estava flutuando pela casa quando o cachorro de tanto se coçar empurrou o sofá, soltando o barbante. Ela gritou por socorro mas, ele vendo o costumeiro futebol, nem ouviu.Ela saiu feito um balãozinho de gás pela janela da cozinha e foi pelo ar. Nem sentiu medo.Adorou aquela sensação de liberdade, de estar livre dele, da vida, dela mesma.O barbante amarrado acompanhando-a parecia uma tornozeleira, um enfeite belo.
Quando deu por si, estava na mão do cavalheiro entristecido da pracinha, que desta vez sorria embevecido, olhando para ela. Desde aquele dia, ela tornou-se o seu bem maior, a sua alegria e o seu tesouro.Ele aprendeu a flutuar com ela e desde então, estão sempre juntos e felizes. Já me disseram que os dois podem ser visto flutuando em noites enluaradas, cheios daquela felicidade que só os que amam verdadeiramente conhecem. Depois que ouvi esta história, nunca mais parei de olhar para o céu e de pensar que só podemos flutuar com o coração leve.

Karla Bardanza

AS SURPRESAS DO VENTO


Agora pareço comigo
E não parecia antes de viajar
E me transformar em algo
Entre a prosa e a poesia.

E se viajei, fui nas águas
De um rio me banhar,
Acender meus incensos,
Fazer promessas e
Aprender a rezar.

Quieta em minha mente,
Sinto a dança da vida
Na dança que me escolheu
E se algo já havia morrido
Foi o meu eu.

Não guardo saudade
Dessa que se foi e era
Uma outra eu mesma.

Agora descanso junto
A flor de lótus e aguardo
Iluminada essa mulher
Delicada que me habita
Cheia de encanto e doce
Atrevimento, preocupada
Apenas com as surpresas
Do vento.

Karla Bardanza

CARREGO O ETERNO DENTRO DE MIM


Carrego o eterno
Dentro de mim.
Para encontra-lo,
Há um labirinto
Sem fim.

Muitas entradas
E saídas nesse meu
Infinito de possibilidades.
Muitas canções e
Algumas saudades.

Uma eternidade
Guardo na alma.
Um vazio repleto
De energia
Sempre é minha
Maior calma.

Nele escureço
E amanheço,
Alimento-me
De céu e poesia.
Nele recrio-me
Para criar o meu
Dia.

Karla Bardanza

VIREI A CABEÇA, CAI NA GANDAIA


Virei a cabeça,
Cai na gandaia,
Descalça na praia,
Beijei a areia,
Cantei com a sereia,
Voei para o meu infinito.
Morri num grito
De tanta dor.

Virei a cabeça,
Cai na gandaia,
Vesti minha saia
E sai meio louca,
Meio sã
Por manhãs sem
Fim,
Por noites
Lá dentro de mim.

Virei a cabeça,
Cai na gandaia,
Cortei os cabelos
E pintei de vermelho.
Arrumei desarrumando
As gavetas do passado.
Fiz de meu sofrimento
Meu ritual sagrado.
Quase cresci.
Quase aprendi
A esquecer essa minha
Fome de não sei o quê.

Virei a cabeça,
Cai na gandaia,
Afiei as garras,
Arranhei o amor.
Estou tão mais
Esperta, quase
Diferente se não
Fosse esse constante
Ar ausente.Esse
Rosto tão cheio
De segredos e
Atrevimento.

Virei a cabeça,
Parei de contar
O tempo.
Parei de dizer
Tanto sim.
Vivo a base de não.
Sorrio de vez em
Quando, mas é
Pura ilusão.

Virei a cabeça,
Cai na gandaia.
Quem não gostar
Desse outro eu,
Que cale a boca
E saia.

E sigo em frente,
Cabeça erguida,
Uma mulher em
Chamas.
Uma mulher quase
Cheia de vida
Se não fosse pela
Alma tão nublada,
Pela fala abafada,
Pela dor tão doída
E tão calada.

Karla Bardanza

SÓ SE FOR AGORA!!!


Se você quiser
Caço estrelas
Para enfeitar
Teus cabelos,
Beijo teus pêlos,
Fico de joelhos
Só para te dizer
Que quero você.

E quero você
Agora, amanhã,
Em qualquer hora.
Estale os dedos,
Sem medo, teus
Desejos são o meu
Mais refinado prazer.
Ai!Quero...você...

Se você quiser,
Te dou o mar e o
Céu e o luar.E dou
Agora, nua, na rua,
Toda tua.Diga o que
Você precisa...a brisa?
(Vem...me alisa...),o
Sol?(Vem...meu girassol!)

Por você,largo tudo,
Caio no mundo.Por
Você, fico tão atrevida.
Por você, vale a pena
Pena cada cicatriz e
Qualquer ferida.

E vou sem olhar
Para trás, sem nenhum
Arrependimento.Afinal
De contas, só levamos
Dessa vida os bons
Momentos!

Karla Bardanza

MANTRAS


Palavras saem de meu coração
Quando aquieto meus desejos
E ouço minha alma falar.Vejo
Flores em cada som, sinto cada
Palavra vibrando dentro de mim
Num eco sem começo ou fim.

Falo e portas abrem em minha
Mente.Falo e o caminho enche-se
De paz e luz e tudo se traduz em
Amor. Meu corpo tão manso é
Pura delicadeza, é a pétala do meu
Lótus.E eu não estou mais aqui.,
Flutuo enquanto minha alma sorri.

Refúgio de estrelas, meu céu tão
Particular.Palavras que me levam
Além, meu abençoado bem, meu
Mais abençoado bem.

Om Mani Padme Hum
Om Mani Padme Hum
Om Mani Padme Hum
Om Mani Padme Hum

Om Namah Shivaya
Om Namah Shivaya
Om Namah Shivaya
Om Namah Shivaya


Karla Bardanza

SUSPIRO


Lentamente
Fecha os olhos
E morres em
Mim...
Lentamente
Suspiras
Algo que
Desmancha-se
No ar.
Algo que
Escorre pelas
Paredes como
Uma gota sem fim.

Lentamente
Perde-se em
Tuas próprias
Melodias, em
Sintonias de
Espumas e prazer.
E morre num
Abraço de paz.
E morre
Pedindo para
Morrer mais.

E num
Último suspiro,
Solta-me as mãos
E o coração.

Karla Bardanza

...ISSO TALVEZ AINDA ESTEJA EM TUAS MÃOS...


De ti guardo
Nuvens, quase sonhos.
Cristal lapidado pelo
Temporal, pelos beijos
Perdidos pelo ar.

E se amar é essa dor
Cheia de delicadeza
E esplendor, sinto e
Sinto a espuma do
Mar trazendo o passado
Bordado de pérolas e
Plumas.

E se nasço, logo
Depois morro.E se
Aquieto, Depois corro
E corro de mim e corro
De ti e sofro como quem
Sorri.

Leve mistério de
Meu coração.
Segredos de uma vida,
Chances de saída...porta
Fechada, mulher nublada
Diluindo em gotas, em
Raios e trovoadas.

Chuva fina confundindo
Tudo...vidraça sem visão,
Isso talvez seja o amor...
Isso talvez ainda esteja em
Tuas mãos.

Karla Bardanza

ILUSÃO


Há um sossego cruel dentro de mim
Quando penso em ti e em teu olhar de céu.
Tua alma tatuada em fios, em sonhos de
Papel pega minha mão e eu posso escutar
Teu sorriso inundando as estrelas, viajando
Para além de minha delicadeza e todo o seu além.

Há um abandono sublime em meu coração
Quando penso no passado fechando portas,
Calando minha voz, fugindo de ti, perdendo
O nós. Passos para outros momentos, um
Estranho vento levando para muito longe
Tudo que ainda permanece e nos esquece.

Há uma vaga música tocando ao redor,
Lembrando que ainda estou só nisso que
Me consome e apaga dias e lembranças.
Ouço com minha quietude tuas palavras,
Leio tuas entrelinhas e calada sinto sempre
Que você me tornou uma mulher encantada.

Fada sem magia, sintonia que se perdeu,
Algo que nunca foi meu some em brumas,
Em um tempo que algum dia foi acolhedor.
Sem lágrimas, sigo adiante sem saber, sem
Entender se isso foi um vento destruidor ou
Apenas uma tola ilusão de verdadeiro amor.

Karla Bardanza

EU SOU UM BEIJA-FLOR


E se me invento
Em mitos
E luares,
Vou pelos ares
Falando de amor.
Beijo pétalas
Tão macias.
Beijo poemas
E poesias,
Beijo em
Atrevimento
Tudo que o tempo
Imortaliza.
Beijo o sol
E a brisa.
Beijo o amor,
Essa sou eu...
Um beija-flor.

E se me eternizo
Em pólen
E semente,
Voando, sentindo,
Tecendo o doce
E o mel em
Asas de pena
E papel,
Bordo pedaços,
Dou vida a flores,
Palavras e abraços.

E sou
Assim...
Sou de todas
As cores,
Sou de todos
Os beijos,
Sou apenas
Um desejo que voa,
Sou um beija-flor
Em desmedida
Alegria,
Rindo à toa,
Cheio de fantasia.
E esta lindo...
E está belo...
Não tenho pouso,
Não tenho chão.
Só tenho um
Coração
Cheio de estrelas,
Talismã da vida
E da manhã.

E está perfeito,
Sou um beija-flor
E beijo tudo
Que tem cheiro
De amor.

Karla Bardanza

VI DEUS NA PÉTALA DE UMA FLOR.


Vi Deus em meu silêncio,
Na calma de meu coração.
Estava tão perto de minhas mãos.
Estava tão próximo de tudo que
Me é ar e sol.Vi Deus sentado
Em um girassol, entre a paz
E o sagrado cântico da vida.

Vi Deus numa pétala de flor,
A perfeita perfeição do amor.
A delicadeza e toda a sua surpresa
Vibrando em esplendor. Vi Deus
Em luares sem fim, em labirintos
Lá dentro de mim, em poemas
Escritos em mares e jardins.

Vi Deus em sonhos de luz,
Em incensos, no amanhecer.
Vi Deus em cada ser e sua
Maravilha.Divino momento,
Misterioso encontro. Deus é
O tempo, é o vento lavando
Colinas e montanhas, é a
Sublime beleza da canção.

E Deus tem tantas moradas.
Mora em mim, mora no teu
Coração.E Deus tem tantos
Caminhos, tantos poemas,
Tanta poesia.E Deus está na
Sintonia que escolhes, em tudo
Que acolhes dentro de ti.Aquiete
Tua mente e sinta e veja e ouça:
Deus está onde você estiver.

Vi Deus na pétala da flor.
Vi Deus e todo o seu amor.

Karla Bardanza

MAR DE SONHOS


Joguei minha rede no céu
E arrastei uma constelação.
Estrelas de todas as cores.
Mar de sonhos a enfeitar o
Meu coração esculpido em
Cristal e flor. Doce tempo
Fora do tempo, eterno amor

Joguei minha rede e arrastei
A lua e seu silêncio de pérola.
Sintonia de louca ou mulher?
Arrastei-a para perto de mim,
Para onde todo mundo quer.
E ela quieta iluminou apenas
O meu jardim, nascendo e
Morrendo de alegria em meus
Confins.O mar era um sonho...

Um sonho sem início ou fim.
Nas teias da fantasia, os anéis
De Saturno brilhavam também
Em meus dedos, segredos de
Aliança e alma, lembrança de
Pétala e calma. Fios abraçando
Planetas:Vênus e Plutão, Marte
Em minhas mãos. O mar estava
No céu e o céu estava lá no fundo
Do mar.Pescando, aprendi a sonhar.

Karla Bardanza

ENQUANTO OUÇO UM NOVO ANO RESPIRAR NA MINHA FRENTE


Algo respira em mim.
Uma nova possibilidade de flor,
Um sorriso..não...não...
Algo mais avassalador.
E na balança, vejo o peso do
Passado ultrapassando espaços,
Inaugurando recomeços sem piedade.
Dura tarefa essa de abrir caminhos,
Ampliar territórios!
Vou ao escritório, busco livros na
Estante, ensinamentos por instante.
Mas nada...nada mesmo pode me dizer,
Pode me explicar como iniciar um
Novo ano, um novo tempo e nem o
Próprio tempo com suas horas contadas
Pode me guiar.

Algo acontece em mim...
O destino oferece um novo papel

E não há dicas, nem ajudas.
Apenas estrelas no céu e sonhos
Que me trazem a solução para os
Meus mistérios e enigmas.

Agarro a oportunidade
Com unhas e dentes
Enquanto ouço um novo
Ano respirar bem na minha
Frente.


Karla Bardanza.


O SILÊNCIO DOS AMANTES


O silêncio costura olhares,
Borda delicadeza em pele,
Em melodia.Apenas o pulsar
Dos corpos ainda tontos e
Perfumados.Apenas o sublime
Encontro de almas tão sagrado.

E o silêncio invade o cansaço,
A cama tão grande em frente
Aos beijos e a janela.Nada pode
Ser ouvido: nem o peito dele,
Nem a alma dela.

Mas as mãos espalmadas
Escrevem o silêncio dos amantes...
E por alguns instantes, o amor
Não precisa de palavras.

Karla Bardanza

CLARO ENIGMA


Ela guarda mistérios,
Olhares e segredos.
Ela guarda tantos medos.
E quando fala, os olhos
São fogo, e quando sorri,
Uma sombra mergulha
Em sua alma.
Aparente calma de quem
Sabe o que quer.
O que ela é?

Um homem mora em seu
Coração de mulher.
Sai sorrateiro de dentro
Dela pela janela.
Quase ninguém pode ver
Salvo quem entende.
E ela compreende que não
Pode mudar o que mora
Em seu olhos de mar...
Silenciosa ela vai pelas
Alamedas e avenidas,
Quase vestida, quase
Enganando...

Suas entrelinhas, signos e
Metáforas são para decifrar.
Ela é uma mulher para se ler.
Ela é um claro enigma
Onde eu posso me esconder.

Karla Bardanza

A DOCE MAGIA DO AMOR


O céu ficou calado...
Quieto ouvindo o vento,
Trazendo pólen, semeando
Sem sentir flores aqui e ali.

As estrelas iluminaram
A branca face da lua que
Toda nua dançava eterna
E terna perto das nuvens.

Vênus tão bela chegou perto
Apenas para ver aquela lenda
Acontecendo entre espaços de
Mel e abraços de prazer.

Júpiter também deu o ar da
Graça e brilhou tão perto
Da praça, lá onde nada fica
E tudo passa em alegria.

Uma sintonia perfeita invadiu
Todo o momento.Um tempo
Fora do tempo abriu-se em
Delicadeza...Doce surpresa...

E sem sentir, eu era tantas,
Eu era rainha e princesa, eu
Era borboleta e esperança,
Cheia de vida e de tranças.

Meu coração charmoso foi o teu
Belo trampolim para te levar lá
No mais profundo de mim e diante
De nós, o mar perdeu o azul e a voz.

E nesta magia assim singela, assim
Divina, descobri em minhas esquinas,
Todo o universo calado para escutar
O nosso sagrado amor sempre amar.

Karla Bardanza

QUEM SOMOS NÓS?


Quem somos nós quando a dor rasga a alma?
Somos calma fé ou doce desespero?
Quem somos nós quando o medo bate à porta?
Somos a mão armada ou o coração inteiro?
Quem somos nós diante de uma injustiça?
A indignação ativa ou a lucidez passiva?
Quem somos nós perante uma humilhação?
A vingança cega ou o paciente perdão?
Quem somos nós diante dos desafios?
A força violenta ou o manso frio?
Quem somos nós diante de Deus?
A luz apagada ou a centelha divina?
Quem somos nós quando vimos um crime na esquina?
A fuga rápida ou a testemunha consciente?
Quem somos nós?
O que queremos um do outro?
O que precisamos realmente?
Somos o que pensamos ser?
Sabemos viver?Sabemos amar?
Quem sou eu?Quem é você?
Apenas o outro pode me dar a idéia
Do que sou.Apenas tentando mudar,
Foi que algo mudou.
Se fizermos a diferença, a semente estará lançada
E a vida seguirá seu eterno fluxo de luz e surpresa.
Cada dia será como uma nova resposta delicada
Aos teus anseios e inquietações.
Então, conheça a ti mesmo para encontrar a tua divindade.
Afinal de contas, tu és a/o arquiteta/o do teu destino e de tua
Felicidade.

Karla Bardanza




A DOCE POESIA DA MULHER AMADA




E


Quando ela chega,


Decifro poemas,


Trovoadas e problemas.


Abro leitos de rios,


Cheiro a cio,sou uma


Doce revoada de borboletas


E sonhos.


Componho sonatas,


Melodias sem fim


Esperando que ela


Eternize o desejo dentro de mim.


E Quando ela chega,


Escrevo recados no luar,


À beira da nuvem, de


Frente para o ar


Para depois descobrir


Que preciso muito


Partir.


Vou sem pouso, sem chão,


Sem nada e já não ouso


Encontrar a mulher amada.




Karla Bardanza



A minha mulher amada é e sempre será a Poesia.

ESCOLHA



Escolho o delírio,
O lírio tão fresco
E doce em pétala
E delicadeza.

Escolho a beleza
De linhas costuradas
Em símbolos e
Metáforas.

Escolho uma alma
Encantada, jardim
Para brincar e
Correr.

Escolho as estrelas,
O brilho do beijo
Ao céu, a chama
Derretendo o meu
Coração.

Escolho a viagem
Para dentro da vida,
A coragem que me
Faz luz e atrevida.

Karla Bardanza







LOUCURA E FRAGMENTAÇÃO


Ela rasga o céu,
Os sonhos,
As certezas
Sem delicadeza,
Sem pudor.

Ela fere,
Machuca o amor.
Ela crava as unhas
Na mais perfeita
Pétala, em alguma
Flor.

Ela violenta
O seu entorpecido
Coração e com
A navalha nas mãos
Corta a mente
Em pedaços.
Perde sua identidade,
Perde seus traços
Em pequenas bolinhas
E sozinha grita
Amarrada na cama.

Ela chama
Por quem pensa ver
E todas as visões
São seus medos
Amordaçados.
Ela morre em dias
Profanos e sagrados.

Ela e sua fragmentação,
Abismo e destruição.
Loucura e eterna
Procura pelo que não há.
Alma sofrendo em
Algum lugar.

Ela e o seu resto
De cor.
Morta vida
Sem solução
Esperando por
Algum doutor.

Ela e a sua
Maldita sombra
Oculta na dor...

Karla Bardanza









ESBOÇO DO MEDO


Prepara-se o corpo para a luta.
A mágoa no olhar denuncia
A falta de luz e fantasia,
A alma vazia, a vida matando
E morrendo num eterno enigma
E desconhecimento de amor.

Preparam-se as mãos.Fecham-se
Enquanto os pés pisam uma flor.
O coração na boca, a voz rouca,
O grito preso dentro da dor.
Esboço do medo, da delicadeza
Louca do cotidiano.Ano após ano,
O momento que nunca chega
Porque nunca fora buscado.

Prepara-se a travessia e quando
Chega-se em casa no fim do dia,
A frustração é maior que o coração.
Solidão de quem já se sente só,
Olhar vago na tempestade e sem
Mais ter o que perder, já nem mais
Lamenta ignorar o que chamam
De felicidade.

Prepara-se a camarim e encena-se
O novo ato para o dia seguinte,
Na clandestinidade, o arame farpado
Da cidade isolando a alegria à beira
Do abismo e assim segue a vida
Arranhando e sendo arranhada,
Matando à mão armada.


Karla Bardanza

A MATEMÁTICA DO MEU TEMPO


Se eu pudesse me multiplicar e não apenas me dividir,
Eu não tinha que subtrair o que já não posso somar.
E por isso vou por ai tentando potencializar o momento
Que não me sobra e que acaba de terminar.
Corro sem parar e o tempo parece me atropelar,
Não faço o que quero fazer e se isso é viver, nem
Tempo há para me refazer.Tudo parece me levar
E nem mais luto, deixo me levar pela correnteza
Diária da grande cidade que me devora, engole,
Enquanto a hora voa quando fico à toa.
De repente, noto que sou escrava.Sou eu aquela
Amarrada ao relógio,chicoteada pelos ponteiros,
Correndo o dia inteiro para lá e para cá, cansada
De mim mesma, indelicada com minha alma que
Nem dormindo parece descansar.Então me pergunto
Que horas vou me amar...e ai percebo que isso só irá
Acontecer quando eu criar asas e voar.

Karla Bardanza


















CORPOS EM SUBLIME POESIA


Hora sagrada tatuada na pele.
Desejo molhando corpos e beijos.
Corações disparados, mergulhando,
Atravessando, rompendo, indo além
Das fronteiras em ritmo acelerado.

Passaporte de ida sem volta,
Descoberta perfeita da vida num
Chamado costurado em espuma.
Plumas em toques de olhares e
Sinos.
Porto e pouso de luares e amor.

Infinito esplendor.
Jogo de parceria.
Corpos
Em
Sublime
Poesia.

Karla Bardanza






















POEMA DE VENTO E LUA


O vento carrega invisíveis poesias
Escritas em sonos e fantasias.
Beija as flores com charme e
Vai atrevido abraçar a lua.

E ela, toda branca e nua,
Deixa-se levar pelos ares,
Em tardes de sentimento
Bordado em rios e mares.

Oceanos deitados no horizonte
Refletem em todas as esquinas
As travessuras da lua menina
E ela tecendo sonhos, suspira

Segredos e romances em cardumes.
Lumes de estrelas enfeitam o céu
Com fitas, gaivotas e pipas
Enquanto a palavra é escrita.

E no fim de tudo, um poema
Falando, inundando o verbo
De adjetivos e paz para que
A vida possa sempre ser mais.

Karla Bardanza


















O TEU AMOR PERDEU O MEU AGORA


Calo
E secretamente
Te falo
Dessa dor maior
Que mim,
Que me pusestes
Na alma.

Calo
E nem suspeitas
Que já te disse
Adeus e já parti.
Quem está aqui,
Contigo,
Não é mais
O meu olhar antigo.

E tudo
Que me fazes,
Grito ao mar.
E tudo
Que ouço
É meu lamento
Ao vento e
Ao luar.

Todas as vezes
Que olho para
Trás, um sonho
Inútil me acena
E eu deduzo
Que já é hora
De sair de cena.

Mas espero ver
O impossível:
Teu invisível amor.
Porém, lá dentro de
Mim sei que o
Teu amor perdeu
O meu agora.

Karla Bardanza

A ESTRADA É PERIGOSA DENTRO DE MIM


Caminhos longos,
Caminhos curtos,
Labirintos sem fim.
A estrada é perigosa
Dentro de mim.

Alguma dor,
Olhos no além.
Um pouco de mal,
Outro tanto de bem.
Ruas de doce e de sal.

Flores e sua delicadeza,
Plantas carnívoras,
Árvores em pura leveza,
Rodovias a pé,
Apenas para testar minha
Perseverança e fé.

Atroz velocidade quando
O limite era pouco.
Grito louco de medo
Rasgando a realidade
E os segredos.
(des)caminhos do desejo.

Viagem de desafios,
Eterno caminhar e busca.
Momentos de luta e paz
Afastando-me do cais.

Caminhos longos,
Caminhos curtos,
Um tempo sem duração.
Pontes que atravessei
E que levaram-me de volta
Ao meu coração.

Karla Bardanza


















PEÇO MAIS DO QUE A VIDA PODE ME DAR


Peço mais do que a vida pode me dar:
Às vezes, quero a lua, outras apenas
O mar.
Eterna insatisfeita sou eu então!
Essa que ora me habita,
Vive apenas de coração.
Sente muito mais do que é permitido
E gosta muito do que não pode
Ser explicado ou entendido.

Peço coisas que não podem ser dadas,
Apenas decantadas em poesia.
Costuro fetiches e fantasias.
Tricoto noites em dias.Fecho a cortina
E sou menina com bonecas
E esperança.
Lá no fundo de mim, sou bem criança.

Peço tanto, peço muito, mas não
É que para o meu espanto, a vida
Tem me dado quase tudo!Por que
Será que quero sempre mais?
Deve ser essa vontade de beber
A eternidade ou essa mulher infinita
Que me habita!
Ela chega, me fita e já sei o que vou
Pedir: quero o amor na veia, em
Gotas sem fim...quero você lá dentro
Do dentro de mim.
Peço muito, quero muito mais que
A vida pode me dar...mas cá entre
Nós, só quero mesmo é amar!

Karla Bardanza




A TUA PAZ


Meus dedos
Desenham desejos,
Esculpem líquidos
Doces,tatuam estrelas
Em teus contornos
De sol e céu.

Descubro guardados
Em ti, todos os oceanos
E navego distâncias
De mar e mãos.
Sensação e sentimento
Sem palavras,
Sem tempo.

Bebo tua pele
Sem pressa,
Perdendo um
Pouco de mim
Em tuas histórias
E geografias.
Achando motivos
Para sorver
O teu prazer.

E o limite
É a procura
E a vontade.
Tarde de tarde
Arde...

E cada vez
Que te amo,
Te liberto sempre
Mais.
E cada vez que
Me amas, sinto
A tua paz.

Karla Bardanza









O QUE SEI DE MIM


OHá um infinito
Guardado no céu
De minha boca.
Há uma louca
Dentro do meu
Porão.
Há um coração
Cheio de sede
Dentro de mim.

Há um jardim
À beira da minha
Eternidade.
Há uma saudade
Atrevida dentro
Do meu manso
Olhar.
Há flores
Banhadas de luar
Em minha poesia.
Há noite dentro
Do meu dia,

Há sonhos
Em minhas mãos
Vazias.
Há fantasias
Em minha alma.
Há uma paz
Que não me acalma.
Há uma escuridão
Tão cheia de luz.
Há uma única palavra
Que me traduz:
AMOR

Karla Bardanza